Durante a pandemia global da Covid-19, expressões virtuais do luto combinaram réquiem e obituários com álbum-relicários, transpondo a informação das vítimas reduzida a números, materializando-as, politizando o direito ao luto e acomodando de forma ubíqua as memórias vivas. São histórias e rostos de mulheres que tiveram o luto interditado ou não são consideradas vidas choráveis. Este artigo explora o relicário de mulheres materializado no perfil do Instagram chamado @reliquia.rum. A análise a partir das condições enlutáveis de Judith Butler compreende que o relicário virtual rompe com a realidade enquadrada nas notícias de mortes como apenas dígitos. E conclui que os enquadramentos resultantes das imagens e narrativas em @reliquia.rum rompem consigo mesmos, pois possibilitam o reconhecimento e a inteligibilidade daquela vida, podendo ser enlutada coletivamente e pressupondo, enfim, uma vida que importa.