Migração em cidades médias do interior nordestino: a atração migratória como elemento distintivo

Abstract

No Brasil, o debate sobre cidades médias ganha destaque quando a população urbana suplanta a rural nos anos 1970 e as metrópoles começam a desconcentrar a população e redistribuí-la pelo entorno metropolitano e interior dos estados a partir da década de 1980. Assim, este trabalho objetiva saber quantas são as cidades médias, onde estão localizadas no interior do Nordeste e qual sua relevância na atração de migrantes. Foram utilizados os microdados do Censo Demográfico 2010, precisamente o quesito data fixa, que pergunta ao migrante sobre o lugar de residência cinco anos antes da data de referência da pesquisa. Os resultados mostram que, apesar de a maioria das cidades apresentarem perda populacional para destinos de mais longas distâncias (inter-regional), grande parte é relevante na atração intrarregional (média distância) e, notadamente, intraestadual (curta distância), que exercem o papel de desconcentrar a população das metrópoles. Os principais rumos dos imigrantes foram Caruaru (PE), Petrolina (PE) e Mossoró (RN). Por outro lado, as cidades com maiores saldos migratórios negativos foram Imperatriz (MA), Itabuna (BA) e Ilhéus (BA). Ademais, por meio da revisão da literatura e dos dados levantados pelo estudo, constata-se que a definição de cidade média baseada no critério de tamanho populacional não é o mais indicado para um país com dimensões continentais e em distintos estágios de desenvolvimento como o Brasil.

Entre o Urbano e o Rural: análise geoespacial das políticas de ordenamento territorial no município de Ilhéus, Bahia, Brasil

“…Ilhéus segue vivenciando expectativas de crescimento pautados na valorização do espaço urbano (NEVES, 2018;THEVENIN, 2018). Infelizmente, a possibilidade de análise da realidade demográfica fica restrita aos resultados do censo de 2010, cujo cenário geral está apontado por Queiroz et al (2020) com um decréscimo populacional, que ocorre em compasso com um processo de expansão urbana (NEVES, 2018;THEVENIN, 2018).…”

Dinâmicas urbanas na configuração das cidades cearenses: análise com base no REGIC 2018

“…Pensar o contexto de cidades médias, deve-se levar em consideração outras variáveis, não apenas o tamanho populacional (QUEIROZ et al, 2020). Nessa perspectiva Motta e Mata (2008) enfatizam que as cidades médias possuem dinâmicas econômicas e demográficas diversas que pretendem atender públicos diferentes, e que a oferta de bens deve ser manifestada em direção aquele público.…”

“…Com relação as cidades médias, verifica-se que conforme o critério adotado pelo IBGE (100.000 a 500.000 mil habitantes), no Ceará, cinco cidades do interior estão incluídas nessa classificação: Crato, Juazeiro do Norte, Sobral, Itapipoca e Iguatu (QUEIROZ et al, 2020). Queiroz et al (2020) ressaltam que entre 2000 e 2010, houve aumento no número de cidades médias na região Nordeste, saindo de 23 para 30 cidades, respectivamente, inclusive no Ceará, onde a cidade de Itapipoca passou a se configurar com essa classificação.…”

“…Nesse sentido, Queiroz et al (2020, p. 23) enfatizam que algumas cidades médias dentro da região Nordeste apresentam "cidades influentes, dinâmicas e atrativas para migrantes, que, em certa medida, amortecem a concentração populacional nas regiões metropolitanas e a descentralizam para o interior". Os autores ainda colocam que a oferta de serviços, baixo custo de vida associado a melhoria na qualidade de vida, oferta de ensino superior, oportunidades de trabalho, saúde, lazer e estudo são condições importantes para atração de migrantes para as pequenas e médias cidades, dentro do próprio Estado (QUEIROZ et al, 2020). Através dos dados da Tabela 01 é possível notar que o nível hierárquico Centro Sub-Regional B sofreu variação ao sair de aproximadamente 1,97% da população residente em 2007 para 8,79% em 2018, caso que pode ser explicado pela mudança positiva no nível hierárquico de 8 cidades que passaram a essa nova classificação, assim como a queda dos municípios de Crateús e Quixadá para esse nível.…”

“…As estruturas urbanas das cidades médias vêm promovendo muitos estudos sobre sua dinâmica (ALVES et al 2019;DANTAS E CLEMENTINO, 2014;HOLANDA E AMORA, 2011;QUEIROZ et al 2020;SANTANA et al 2020;SILVEIRA et al 2018). Araújo, Moura e Dias (2011) enfatizam que as funções ditadas pelas cidades médias e o seu raio de atuação tem gerado estudos, principalmente sobre aspectos econômicos, demográficos, redução da pobreza e violência, além de promover a ligação de atores sociais com a escala econômica e cultural do território que está inserido.…”