Resumo A participação dos migrantes internacionais no mercado de trabalho formal brasileiro mudou a partir do ano 2010, com uma expressiva atuação do setor do agronegócio na inserção deles como força de trabalho. O objetivo desse artigo é analisar a inserção de imigrantes venezuelanos como trabalhadores em áreas do agronegócio no Rio Grande do Sul e as condições de trabalho à qual são submetidos; especificamente na agricultura, pecuária e frigoríficos nos municípios Júlio de Castilhos e Venâncio Aires. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que fez uso de fontes primarias mediante entrevistas semiestruturadas, fontes secundárias e revisão bibliográfica. Concluiu-se que as condições de trabalho correspondem às tipicamente retratadas no agronegócio: muito esforço físico, longas jornadas, contratações sazonais, baixos salários, risco à saúde ou à segurança e ações mediadoras sindicais e governamentais enfraquecidas, provocando sofrimento e frustrações. Ademais existe uma desconexão entre a formação ou experiência trazidas e a baixa qualificação necessária para exercer as atividades que absorvem os imigrantes no agro; contudo, eles conseguem aproveitar seu capital cultural para ressignificar sua presença. Por isso, estudos que visem mudar a visão de problema dos Estados são necessários, para destacar as contribuições das migrações à economia, à cultura e à sociedade.