O desenvolvimento da atividade pecuária dentro de Reservas Extrativistas na Amazônia tem sido motivo de polêmicas e debates inflamados na área ambiental desde o estabelecimento da Lei do SNUC. O histórico do movimento extrativista teve nos empates sua principal bandeira de luta, como estratégia de combate ao avanço da fronteira agropecuária. Independentemente dos avanços do movimento, é fato que a pecuária bovina se configurou, ao longo dos últimos 20 anos, como o uso predominante nas áreas desmatadas na Amazônia, inclusive dentro das Reservas Extrativistas. Este trabalho buscou dimensionar o atual impacto ambiental causado pela conversão de florestas para formação de pastagem em Reservas Extrativistas Federais, sob gestão do ICMBio, a partir da análise dos dados fornecidos pelo INPE/Projeto TerraClass, dos anos de 2004, 2010 e 2014, em especial na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, uma das mais populosas do estado do Pará, além de promover uma análise socioambiental deste caso frente aos desafios de gestão da Unidade de Conservação-UC. Entre os principais resultados, observou-se que a contribuição das pastagens se configura abaixo de 3% do uso do solo em 28 das 30 Resex terrestres da Amazônia. Destaca-se que a Tapajós-Arapiuns mantém mais de 90% de sua área preservada e com apenas 0,35% destinada às pastagens, suportando um rebanho de cerca de 3 mil cabeças e média de 14 cabeças por criador. Outro aspecto relevante está relacionado com a importância financeira e social da atividade, pois 60% dos criadores informaram que seus rebanhos abastecem as comunidades da Resex, ou seja, são comercializados dentro da própria UC. Conclui-se que a atividade de criação de gado na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns pode ser considerada de subsistência, devido ao porte e modos de produção identificados e, finalmente, não se configura como o principal vetor do desmatamento na UC, podendo sua contribuição ser considerada praticamente irrelevante.