INTRODUÇÃOO grande desenvolvimento da cirurgia cardíaca nos últimos trinta anos se deve muito à reintrodução da cardioplegia cristalóide hiperpotássica no final da Sobrosa C G, Jansson E, Kaijser L, Bomfim V -Metabolismo miocárdico após cardioplegia sangüínea hipotérmica retrógrada contínua. Rev Bras Cir Cardiovasc 2000; 15 (3): 219-26.RESUMO: Casuística e Métodos: Realizamos uma análise metabólica da cardioplegia sangüínea hipotérmica retrógrada contínua em um estudo prospectivo de 15 pacientes consecutivos encaminhados para operação eletiva de revascularização miocárdica. Os critérios de inclusão foram doença coronária bi ou triarterial e função ventricular preservada (FE > 40%). Os critérios de exclusão foram angina instável, diabéticos insulino-dependentes e operações associadas. Três pacientes foram excluídos do trabalho (operação associada e deslocamento do cateter de cardioplegia retrógrada). Amostras de sangue arterial e do seio coronário foram simultaneamente colhidas: antes do início da CEC, na abertura da aorta e com 10, 30 e 60 minutos de reperfusão, para análise do conteúdo de oxigênio e da concentração de lactato. Quatro biópsias miocárdicas foram obtidas do ápice do ventrículo esquerdo: (1) após instalação da CEC (mas antes do pinçamento aórtico), (2) imediatamente após o término da indução cardioplégica, (3) antes do despinçamento aórtico e (4) com 30 minutos de reperfusão, para análise dos níveis de ATP, ADP, AMP e lactato no miocárdio. A isoenzima CK-MB foi analisada no sangue venoso.Resultados: Não houve mortalidade no grupo. Houve uma diminuição da extração artério-venosa do lactato e do oxigênio pelo coração durante a reperfusão, somente havendo uma recuperação parcial ao final de 60 minutos de reperfusão. O ATP e os outros nucleotídeos tiveram os seus níveis mantidos no miocárdio durante o pinçamento aórtico, mas estes caíram nos primeiros 30 minutos de reperfusão. O lactato acumulouse no músculo cardíaco durante o pinçamento aórtico e diminuiu durante a reperfusão. Houve um aumento da enzima CK-MB, principalmente entre a terceira e sexta horas de pós-operatório.Conclusões: Do ponto de vista metabólico, o método não evitou o metabolismo anaeróbico durante o período de pinçamento aórtico e que somente com 60 minutos de reperfusão houve uma recuperação metabólica parcial. Essas alterações são, provavelmente, o reflexo da injúria isquêmica celular ocorrida durante o pinçamento aórtico e são de efeito transitório. DESCRITORES: Miocárdio, metabolismo. Parada cardíaca induzida, métodos. Hipotermia induzida, métodos. Miocárdio, metabolismo. Miocárdio, efeito de drogas. Reperfusão miocárdica. Coração, fisiologia. Revascularização miocárdica. década de sessenta. O desafio de realizar cirurgias mais complexas em pacientes mais idosos e mais graves e melhorar as técnicas cirúrgicas e conseqüentemente com tempo de pinçamento aórtico mais prolongado, estimulou muito as pesquisas no campo