http://revista-redes.rediris.es Redes e Capacidade de Ação na Sociedade Civil O caso de São Paulo-Brasil Adrian Gurza Lavalle-FFLCH-USP e CEBRAP Graziela Castello-UNICAMP e CEBRAP Renata Mirandola Bichir-IUPERJ e CEM-CEBRAP 1 Resumo A despeito do notável sucesso político e analítico da categoria "sociedade civil" nos últimos anos, sabe-se surpreendentemente pouco acerca do modus operandi das organizações civis reais, mesmo daquelas que têm sido constantemente salientadas na literatura devido ao seu protagonismo inédito. Contra esse pano de fundo e a partir de estratégia de análise de redes aplicada aos resultados de survey realizado com 202 organizações civis na cidade de São Paulo, este artigo identifica quais os principais protagonistas do universo das organizações civis, e, sobretudo, quais as diferentes lógicas de atuação e dinâmicas internas de interação que os caracterizam. No universo de todos os atores colhidos na amostra encontrou-se, como seria de se esperar pela literatura, que as ONGs compõem o elenco dos atores com maior capacidade de atuação na rede; entretanto, pouca ou nenhuma atenção tem sido prestada às articuladoras, reveladas pela pesquisa como uma inovação recente na criação de atores coletivos ⎯inovação notavelmente bem sucedida. Ademais, os movimentos sociais emergiram na pesquisa como os atores mais centrais da rede, a despeito da sua suposta perda de protagonismo, diagnosticada e tida como certa na literatura a partir dos anos 1990. Os três tipos de entidades cumulam diferentes vantagens estruturais no universo das organizações civis, mas são centrais por motivos diferentes; eles desempenham papeis diferentes e são desigualmente importantes em relação aos os outros tipos de organizações civis periféricas ou de centralidade intermediária.