INTRODUÇÃOA encefalopatia hepática (EH) é uma disfunção neuropsiquiátrica reversível, secundária à insuficiência hepática 1,2 ,cuja prevalência é variável. É comumente subestimada em virtude da preservação das habilidades verbais dos pacientes em estágios iniciais da doença. Os testes neuropsicométricos são considerados padrão-ouro no diagnós-tico da encefalopatia hepática, porém a sua utilização isolada pode ocasionar erros de interpretação, já que não são específicos dessa doença, além de sofrerem influências da idade e nível de instrução dos pacientes e revelarem pouco sobre o processo neuroquímico envolvido na encefalopatia 3 .Evidências crescentes na literatura apontam a importância do diagnós-tico e da instituição precoce do tratamento da encefalopatia, de preferência antes do aparecimento de sinais clínicos, visando à preservação das funções cerebrais. Recentemente, refinamentos técnicos na espectroscopia por ressonância magnética (RM) tornaram possível o estudo bioquímico do cérebro humano in vivo, com a identificação e quantificação dos metabólitos cerebrais em regiões específicas 4,8,22,29 . A encefalopatia hepática é caracterizada por depleção do mio-inositol (MI) e da colina (Cho) associada a um aumento do complexo glutamino-glutamato (Glx). Estas alterações não são encontradas em outras encefalopatias 4,5,28 .O transplante hepático é o único tratamento capaz de reverter as disfunções neurológicas verificadas na encefalopatia hepática, evitando o desenvolvimento da degeneração hepatocerebral. A reversibilidade da encefalopatia hepática com o transplante pode ser demonstrada, bioquimicamente, pela espectroscopia 3,4,6 . O objetivo do presente estudo é determinar as alterações dos níveis dos metabólitos cerebrais por meio da espectroscopia em candidatos a transplante hepático, antes e após o procedimento cirúrgico.