Este trabalho tem como objetivo destacar a figura da mulher negra como personagem literária no romance histórico hispano-americano e recontar sua(s) história(s) de escravidão a partir de seu lugar de enunciação. As obras analisadas, romances históricos escritos por mulheres cujas protagonistas são negras, foram escolhidas por sua capacidade de representação regional nas Américas: La isla bajo el mar, de Isabel Allende (2009, Caribe), Las esclavas del rincón, de Susana Cabrera (2001, região platina) e Jonatás y Manuela, de Luz Argentina Chiriboga (1994, pacífico andino). A reflexão utiliza a teoria de Gérard Bouchard (2009) sobre a construção de uma memória longa para as comunidades americanas que possuem uma história recente e propõe que as escritoras, ao retraçarem o percurso da mulher negra que erige sua memória a partir dos rastros, atuam na emergência das marcas, dos vestígios culturais afrodescendentes, preenchendo, dessa forma, os vazios da História oficial. Sua atuação como mediadoras culturais resultará em uma produção literária transculturada responsável pela ressignificação das histórias da escravidão.