2018
DOI: 10.1590/s0104-40362018002601186
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Multiculturalismo e formação de professores: dimensões, possibilidades e desafios na contemporaneidade

Abstract: Resumo O presente texto constitui-se em ensaio, a partir de conferência proferida sobre o multiculturalismo, entendido como um conjunto de respostas à diversidade cultural e desafio a preconceitos, no campo educacional. Defende e desenvolve três argumentos centrais, a saber: o multiculturalismo não deve ser tratado como um adendo ao currículo ou perspectiva reduzida a projetos extracurriculares; é relevante considerar modos pelos quais a construção curricular poderia articular a perspectiva multicultural aos d… Show more

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“…Pensar no currículo no âmbito do ensino superior e, mais especificamente, na formação de professores, implica em reconhecer seu impacto na formação das identidades docentes, enfatizando-se seu potencial para promover a valorização da diversidade cultural e desafiar o racismo, as desigualdades, os preconceitos e silenciamentos de vozes de grupos subalternizados, em função de raça, etnia, gênero e outros marcadores identitários (Banks, 2004;Candau, 2016;Ivenicki, 2015;Ivenicki & Xavier, 2017;Ivenicki, 2018;Janoário, 2018;Lopes, Oliveira & Oliveira, 2018;Macedo, 2019;Santiago & Canen, 2013;Warren & Canen, 2012). Nesta perspectiva, buscam-se possibilidades de diálogo e fertilização em um horizonte de currículo concebido multiculturalmente como espaço de diferenciação e de valorização da alteridade (Ivenicki, 2018;Macedo, 2016;Moreira & Ramos, 2016;Miller, 2019).…”
Section: Multiculturalismo E Formação Docente Antirracista: Abordagensunclassified
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“…Pensar no currículo no âmbito do ensino superior e, mais especificamente, na formação de professores, implica em reconhecer seu impacto na formação das identidades docentes, enfatizando-se seu potencial para promover a valorização da diversidade cultural e desafiar o racismo, as desigualdades, os preconceitos e silenciamentos de vozes de grupos subalternizados, em função de raça, etnia, gênero e outros marcadores identitários (Banks, 2004;Candau, 2016;Ivenicki, 2015;Ivenicki & Xavier, 2017;Ivenicki, 2018;Janoário, 2018;Lopes, Oliveira & Oliveira, 2018;Macedo, 2019;Santiago & Canen, 2013;Warren & Canen, 2012). Nesta perspectiva, buscam-se possibilidades de diálogo e fertilização em um horizonte de currículo concebido multiculturalmente como espaço de diferenciação e de valorização da alteridade (Ivenicki, 2018;Macedo, 2016;Moreira & Ramos, 2016;Miller, 2019).…”
Section: Multiculturalismo E Formação Docente Antirracista: Abordagensunclassified
“…De outro, porém, tem resultado em movimentos de resistência com a ressignificação positiva desta mesma identidade, conforme ilustrado, pela referida autora, no contexto do acesso ao ensino superior e das oportunidades ali desenvolvidas.Em termos das dimensões focalizadas nas experiências curriculares, uma delas refere-se às formas pelas quais as identidades coletivas plurais são trazidas, seja por meio de suas narrativas e estratégias de resiliência e empoderamento, e/ou pela articulação dessa dimensão à própria produção de conhecimento em áreas educacionais e pedagógicas (incluindo temas e estratégias de aprendizagem a serem desenvolvidas).Lopes, Oliveira & Oliveira (2018), por exemplo, enfatizam que as questões relacionadas às diferenças estão na escola, assim como permeiam as próprias estruturas das políticas curriculares e dos discursos pedagógicos, disciplinares, midiáticos, políticos, sociais, religiosos e familiares, sendo o currículo espaço privilegiado de construção, de reprodução ou de tensionamento, resistência e deslocamento de modelos dominantes que silenciam identidades e perpetuam desigualdades. Ainda nesta dimensão,Maciel & Garcia (2018), desenvolveram pesquisa a partir de histórias orais de professoras lésbicas, analisando como o meio discursivo/cultural dos discursos da lesbianidadenos quais a estabilidade da estrutura binária do sexo é subvertida, as categorias das identidades são abertas e a política da identidade sexual é compreendida como produção política e cultural possibilita o protagonismo de experiências e pedagogias próprias dessas professoras, com implicações curriculares.Ao mesmo tempo, as experiências curriculares que se desenvolvem a partir de temáticas multiculturalmente orientadas, focalizadas sobre histórias de vida e perspectivas de identidades culturais marginalizadas, tais como identidades étnicoraciais, podem ser imbricadas com o que temos denominado de temáticas mais convencionais ligadas a áreas curriculares escolares e pedagógicas, na formação docente(Ivenicki, 2018). Isto porque, para além do foco sobre identidades, ilustrado anteriormente, a questão do conhecimento é outro aspecto relevante na área curricular.…”
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“…Apesar de se ter uma legislação que desde 2002, e mais concretamente em 2005, propõe que a língua de instrução para alunos surdos seja a Libras, as práticas pedagógicas e nossa experiência em pesquisas (NAVEGANTES; KELMAN; IVENICKI, 2016; OLIVEIRA; KELMAN; MAIA, 2018; SANTOS; FILHO; KELMAN, 2019, por exemplo) tem demonstrado que nem sempre se respeita a Libras como primeira língua dos surdos nos espaços inclusivos. Esta constatação faz com que se defenda um currículo intercultural (CANDAU, 2009;WALSH, 2009;KELMAN, 2015;IVENICKI, 2018). Também chamado inicialmente de multicultural e posteriormente de pós-colonial ou intercultural, o currículo adquire o sentido da decolonização, rompendo com um colonialismo histórico do branco, rico, magro, bonito, normal e outros estereótipos que rejeitam e estigmatizam as diferenças.…”
Section: Decolonização Multiculturalismo E Interculturalidadeunclassified
“…Conforme temos argumentado (IVENICKI, 2018), o reconhecimento do valor de ambas as abordagens desafia preconceitos com relação às mesmas. Os problemas de nossa educação necessitam de perspectivas que, tanto possam fornecer dados estatisticamente confiáveis, a partir de amostras representativas da população e generalizáveis para a mesma, como também de olhares sensíveis às culturas que circulam nos espaços institucionais, com suas impermanências e projetos específicos, traduzidos nas relações que se estabelecem entre os atores e as formas pelas quais vivem e significam suas realidades.…”
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