É desnecessário falar sobre o compromisso ético e político dos organizadores, os professores Carlos Alberto Severo Garcia Jr. e Roger Flores Ceccon, com o campo de saberes e práticas da Saúde Coletiva. Ambos têm transbordante produção intelectual, tradição de docência, pesquisa e atuação social, que fala por si. Mas aqui temos uma artesania muito particular, que talvez seja mais preciso caracterizar o que fizeram como uma curadoria para compor o livro. Desde a chamada de manuscritos, até a organização, revisão e sequenciamento dos textos. Eu gosto muito (do gosto estético, que amplia as fronteiras do pensamento e da ação, como em Deleuze e Guattari), mas também político (que produz inclusão de vozes e pensamentos periferizados), de ver produções que buscam diálogos com o cotidiano. Essa é uma necessidade urgente do nosso tempo. Vou falar um pouco sobre essa inovação e a coragem de inovar, que deveria ser o cotidiano da Saúde Coletiva, sobretudo o diálogo com o cotidiano. Não é de uma inovação igual à novidade, tão ao gosto do mercado capitalístico, mas de virada epistêmica, de transformação dos modos de pensar e fazer ciência, nesse caso.