Por meio de uma análise histórica e cultural da série televisiva Mad Men, atenta as suas representações como entendimentos particulares de mundo, buscou-se compreender como os figurinos e caracterizações pouco mutáveis da personagem Betty Draper estão relacionados com os meandros trágicos de seu arco dramático. Assim, para melhor compreensão, dividiuse a análise em momentos distintos. A primeira se refere em sua concepção como “Rainha do lar”, onde sua aparência fortemente delicada com vestidos rodados e cinturas marcadas, são entendidos sob o viés de encaixe narrativo, confortável às demandas patriarcais de seu papel de esposa e mãe de classe média, herdeira do período do pós-guerra no trato do homem como herói e cerne da família. Posteriormente, se articula seu desencaixe, em contraste com outras personagens femininas da trama, intencionadas em suas lutas por igualdade, trajando calças, camisas, minissaias e vestidos de cores fortes, o figurino e a caracterização de Betty pouco se altera, permanecendo no aspecto conservador e delicado de seus trajes, ressaltando sua silhueta frágil e delgada. Assim, percorrendo discussões no campo da História, estudos de gêneros, moda, figurino e comunicação, a investigação pretende contribuir para uma outra interpretação da personagem, não restrita as suas leituras antagonizadas, mas vinculada a uma perspectiva histórica, onde seus modos de vida são compreendidos em conflito com relações de forças de uma sociedade patriarcal.