O fenômeno da criatividade é amplamente estudado por diversas áreas do conhecimento, como Educação, Sociologia, Antropologia, Filosofia e Psicologia. Em cada uma delas é possível distinguir diferentes tipos de criatividade, como a que se manifesta no artista, ou no ser humano comum, e a criatividade espontânea, que pode ser observada na criança. Na Psicanálise, área que considera as relações afetivas do indivíduo e a existência do inconsciente, encontram-se especificidades que permitem outra compreensão do fenômeno. O presente trabalho se referencia na teoria do desenvolvimento emocional de D. W. Winnicott. Para ele, a criatividade originária diz respeito à capacidade do indivíduo de criar o mundo e experiênciá-lo de maneira singular, conferindo sentido às atitudes, pensamentos, sensações e sentimentos. De acordo com a sua Teoria do Desenvolvimento, a criatividade encontra suas bases na vivência satisfatória da ilusão de onipotência, que resulta no sentimento de que a vida vale a pena ser vivida. Pretende-se investigar e compreender a construção e desenvolvimento desse conceito ao longo da obra de Winnicott, e, para isso, se faz necessário apresentar o panorama no qual a teoria do autor está inseridao que se dará através da retomada do tema da criatividade nos principais interlocutores de Winnicott: Freud e Melanie Klein. Além disso, serão diferenciados três níveis de análise do fenômeno, dos pontos de vista ontológico, descritivo e clínico. Tal investigação será realizada por meio de revisão bibliográfica da obra do autor e de comentadores de seu trabalho, que pensam o fenômeno, no âmbito clínico ou não, com o intuito de auxiliar psicoterapeutas e pesquisadores a compreendê-lo.