RESUMO:No tratamento da fissura anal, novas drogas têm sido utilizadas, dentre elas os bloqueadores de canais de cálcio. O objetivo desta pesquisa foi à avaliação manométrica de pacientes com fissura anal crônica após tratamento com nifedipina tópica 0,2%, correlacionando com a cicatrização e a dor. Trata-se de estudo prospectivo realizado em pacientes atendidos no ambulatório de Coloproctologia do Hospital Universitário de Taubaté. Os pacientes foram submetidos ao exame manométrico antes e após 30 dias da utilização de nifedipina tópica gel 0,2% três vezes ao dia no ânus e margem anal. Para a análise estatística foi utilizado o teste de Mann-Whitney considerando significante, se p<0,05. Os dez pacientes não demonstraram nenhuma alteração manométrica provocada pelo tratamento com nifedipina, mas 50% deles relataram melhora dos sintomas e 40% dos pacientes apresentaram cicatrização da fissura, mostrando que a nifedipina foi efetiva no tratamento da fissura anal e segura do ponto de vista funcional, por não causar lesões esfincterianas. A avaliação manométrica demonstrou não haver alterações nas pressões anais demonstrando, entretanto, melhora da dor em 50% e cicatrização em 40% dos pacientes.Descritores: manometria, fissura, nifedipina, canal anal.
INTRODUÇÃOA fissura anal é uma lesão benigna, cujo principal sintoma é a dor anal que se exacerba durante o ato evacuatório, está associada à hipertonia do esfíncter interno do ânus e à redução do fluxo sanguíneo da mucosa (1,2,3) . O tratamento deve ser direcionado no intuito de reduzir a pressão do esfíncter interno do canal anal e embora os resultados da esfincterotomia cirúrgica se mostrem favoráveis, é importante o fato de que haverá uma lesão permanente do esfíncter podendo ocorrer incontinência fecal (1,2,3) . Na última década, com o intuito de diminuir os defeitos permanentes decorrentes da esfincterotomia cirúrgica , novas drogas têm sido introduzidas com a finalidade de promover relaxamento do esfíncter interno do ânus. Dentre elas, destacam-se a toxina botulínica, os nitratos orgânicos e os bloqueadores de canais de cál-cio. São as chamadas "Esfincterotomias químicas" (1,2,3,4) . Essas drogas por diminuírem o tônus de repouso atuariam diminuindo os valores pressóricos de re-