RESUMOA transparência é um tema emergente e ainda pouco explorado no contexto do Terceiro Setor brasileiro. No entanto, a sociedade e as pressões públicas estão em busca de organizações sociais que apresentem de forma clara suas práticas e resultados alcançados. Diante dessa lacuna, este artigo tem como objetivo propor e validar um construto para mensurar transparência no Terceiro Setor. Para tanto, desenvolveu-se um instrumento capaz de identificar os níveis de transparência apresentadas pelas organizações sociais. O instrumento contendo 15 variáveis foi aplicado com 36 organizações, e a analise foi realizada a partir da técnica fatorial exploratória. Como principais resultados, identificou-se que o construto de transparência para o Terceiro Setor é multidimensional, apresentando quatro dimensões -Transparência em Nível Inicial de Atendimento; Transparência em Aspectos Legais; Transparência na Prestação de Contas; e, Transparência em Gestão e Resultados. Ao final sugere-se que estudos futuros aprofundem as dimensões identificadas nesta pesquisa em diferentes regiões e países, e propõe-se a realização de estudos qualitativos, buscando compreender como as dimensões e os aspectos da transparência são encontrados e desenvolvidos nas organizações do Terceiro Setor.
INTRODUÇÃOO tema transparência tem sido abordado com frequência nos últimos anos a partir da preocupação dos cidadãos e usuários de serviços públicos. Esses interessados foram exigindo maiores informações sobre o destino de suas contribuições. Essa pressão da sociedade fez com que fosse aprovada a Lei nº 12.527 de 18/11/2011 de Acesso a Informação (Brasil, 2011) e a Lei Complementar 131 de 27/05/2009, a qual alterou a redação da Lei de Responsabilidade Fiscal quanto à transparência da gestão fiscal (Brasil, 2009). Dessa forma, essas duas Leis exigem que os órgãos públicos disponibilizem as informações de forma acessível a quem possa interessar.No entanto, a Lei de Acesso a Informação não é uma exclusividade do setor público, uma vez que organizações privadas sem fins lucrativos, as quais recebem recursos públicos para a realização de ações de interesse público, também estão submetidas a esta legislação.Na última década, o Terceiro Setor passou por vários escândalos envolvendo ONGs corruptas. Mesmo havendo inúmeras organizações sociais idôneas, as quais realizam trabalho sério e profícuo para a sociedade, essa minoria que agiu em benefício próprio de forma inescrupulosa afetou negativamente a imagem das organizações do Terceiro Setor como um todo. Diante desses escândalos, contratos e parcerias foram revistas pelos órgãos fomentadores, os quais passaram a exigir a adoção de ferramentas gerenciais com o objetivo de apresentar maior riqueza de informações, bem como maior segurança nas informações prestadas.Dentro desse quadro, as organizações do Terceiro Setor precisaram se ajustar as novas exigências do mercado, buscando implementar em suas organizações processos mais claros, os quais estivessem alinhados com seus objetivos organizacionais. Consoante isso, ...