A apendicite aguda é a causa mais comum de dor abdominal aguda que requer intervenção cirúrgica. Ao longo da vida, o risco de desenvolvê-la é de 7%. A grande maioria dos casos de apendicite aguda é tratada com a remoção cirúrgica do apêndice associada a antibioticoterapia, com taxa de complicações pós-operatórias variando entre 2,5% e 48% e alto custo aos sistemas de saúde. Entretanto, muitos estudos sugerem o uso da antibioticoterapia isolada para tratar apendicite não-complicada. A pandemia de COVID-19 gerou grande restrição do número de leitos e de profissionais disponíveis para tratamentos cirúrgicos, fomentando o tratamento clínico da apendicite em mais casos. Assim, foi conduzida revisão bibliográfica não sistemática da literatura médica, buscando compilar a literatura médica a respeito do tratamento conservador para a apendicite aguda de modo conciso, além de buscar os ensinamentos deixados pela pandemia. Variados estudos comparando os tratamentos cirúrgico e conservador da apendicite não-complicada foram encontrados, com resultados diversos. Muitos trials já consideram a antibioticoterapia uma escolha adequada para tratar a população pediátrica. Em adultos, diferentes ensaios clínicos e metanálises demonstram que antibióticos também podem ser usados para tratamento de apendicite não-complicada em pacientes selecionados. Ressalta-se que há risco de recorrência, mas esta ocorre com incidência próxima à de complicações pós-apendicectomia. Sendo assim, apesar de dificilmente ser capaz de substituir a cirurgia em todos os pacientes, a antibioticoterapia pode ser de grande valia para pacientes de alto risco cirúrgico, de difícil abordagem cirúrgica ou em locais onde não há infraestrutura e/ou recursos humanos para realizar a apendicectomia.