O uso e apropriação das tecnologias da informação e comunicação (TIC) pelas mulheres rurais pode potencializar suas capacidades informativas, de geração de renda, mobilização social e até mesmo de lazer. No entanto, as desigualdades socioeconômicas interferem nas possibilidades de acesso e aproveitamento das TIC, fazendo com seu uso seja limitado ou não aconteça. Diante do exposto, o objetivo desta dissertação é compreender como os marcadores sociais (gênero, raça e território) impactam nas condições de acesso, uso e apropriação das TIC e sua relação na construção da autonomia de mulheres rurais, quilombolas e assentadas, dos municípios de mineiros Viçosa e Visconde do Rio Branco. A pesquisa, qualitativa e exploratória, foi realizada com oito mulheres da comunidade quilombola do Buieié e 12 do assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Olga Benário, somando 20 participantes com idades entre 18 e 60 anos. O percurso metodológico constituiu-se na realização de levantamentos bibliográficos, entrevistas semiestruturadas com as mulheres, caderno de campo e uma análise de conteúdo dos perfis nas redes sociais Facebook e Instagram dos respectivos territórios. O referencial teórico do trabalho desenvolve os conceitos de território, interseccionalidade, hiato digital de gênero e literacia digital. Os resultados apontam que o gênero, a raça e o território se articulam com outros marcadores sociais como escolaridade, a renda e a idade e impactam no uso das TIC e no desenvolvimento da literacia digital pelas mulheres rurais. As dificuldades para a promoção da conexão à internet e a pouca literacia digital não impede que as mulheres rurais se articulem e utilizem as redes sociais, ainda que de forma limitada, como uma ferramenta de geração de renda, mobilização social e fortalecimento dos laços comunitários. Palavras-chave: Mulheres rurais. TIC. Interseccionalidade. Literacia Digital.