ResumoO objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos de autocontrolar a sequência de movimentos, na aprendizagem de uma tarefa de "timing" coincidente. Trinta adultos jovens (idade = 23 ± 5,5 anos) sem experiência prévia na tarefa foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos com condições diferentes quanto a sequência de movimentos, autocontrolado (LIVRE) e externamente controlado (DET). Os participantes deveriam tocar seis sensores sequencialmente, o último coincidentemente à chegada de um estímulo visual (tarefa de "timing"). Na aquisição, os participantes do grupo DET deveriam tocar os sensores numa sequência determinada, enquanto os do grupo LIVRE poderiam tocar os sensores em qualquer ordem (exceto o último, que foi o mesmo para ambos os grupos). Apesar de nenhuma diferença ter sido encontrada em relação ao número de tentativas necessárias ao alcance do desempenho critério na aquisição, o grupo LIVRE apresentou pior desempenho na transferência comparado ao grupo DET, indicando que ter controle sobre a sequência de movimentos que precede a coincidência prejudica a aprendizagem da habilidade. PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem motora; Aprendizagem autocontrolada; Aprendizagem de sequências;Estratégias de aprendizagem.Nas últimas duas décadas, os efeitos de condições autocontroladas na aprendizagem de habilidades motoras tornou-se objeto de uma série de estudos, em razão dos resultados bené cos encontrados. Experimentos que investigam estas condições concedem aos aprendizes o controle sobre algum aspecto da prática que seria controlado externamente por um experimentador. As evidências encontradas indicam que o processo de aprendizagem é bene ciado quando os aprendizes podem escolher quando visualizar um modelo 1 , quando receber "feedback" aumentado 2,3-7 , qual a di culdade da tarefa que desejam praticar 8 , a quantidade de tentativas de prática 9 e a organização da prática 2,[10][11][12] . O conjunto de evidências indica que os benefícios não estão restritos a um único fator que afeta a aprendizagem (e.g. "feedback" aumentado), ou a um tipo de tarefa especí co (e.g. tarefa seriada), mas que se trata de um efeito generalizável.As principais hipóteses explicativas para os benefícios da prática autocontrolada foram adaptadas da aprendizagem cognitiva 13 . Duas principais linhas de interpretação buscam explicar os benefícios da prática autocontrolada. A primeira delas tem como foco processos cognitivos, como a elaboração de estratégias de aprendizagem para o alcance de um objetivo ou meta 14 . Estes processos levariam a um aumento do esforço cognitivo durante a prática em relação ao que se daria sem que houvesse controle por parte do aprendiz. Os ganhos de aprendizagem, observáveis nas fases de transferência e retenção, seriam obtidos por mecanismos similares aos apontados por L et al. 15 associados à prática variada, ao uso de modelos iniciantes e à baixa frequência de fornecimento de "feedback" aumentado. A segunda linha de interpretação sobre os ganhos de aprendizagem obtidos em condições autocontrolad...