Acta bot. bras. 24(3): 734-746. 2010.
IntroduçãoO ecossistema Restinga, no sentido geomorfológico, é a paisagem Quaternária arenícola marítima, que desde Ule (1901) e Dansereau (1947) já se distinguia dos litorais rochosos (costões) e lamosos (Manguezais), que formam o conjunto de formas costeiras do Brasil. Após as praias, inicia-se o ecossistema de Restinga com as primeiras dunas fi xas, estendendo-se com amplitude variável até os Tabuleiros Costeiros do grupo Barreiras ou escarpas de embasamento Cristalino.Os solos dos cordões mais internos ao continente são mais antigos, possuem maior altitude (6 a 8 m), maior teor de matéria orgânica no solo, maior impregnação de ácidos húmicos e seus sedimentos arenosos são em geral superficialmente brancos; já os solos dos cordões mais externos apresentam-se com coloração mais amarelada, pouca impregnação de ácido húmico e possuem menor altitude (4 a 5 m) (Martin et al. 1997). Sobre os cordões, localizam-se as formações não inundáveis de Restinga, ou seja, áreas sem infl uência direta do lençol freático. Nas áreas de intercordões, ocorrem terrenos topografi camente mais baixos, originadas da sedimentação parcial ou total de lagunas e/ ou paleo-lagunas, apresentando por isso áreas inundadas ou inundáveis, tendo um solo síltico e/ou areno-argilosos, mais ricos em matéria orgânica (Martin et al. 1997).Alguns trabalhos trazem alguma informação sobre os fatores edáfi cos como determinantes nas formações de Restinga. Fabris (1995) ABSTRACT -(Phytophysiognomic-edaphic gradient of forest formations in restinga areas of southeastern Brazil). This research aimed to evaluate the phytophysiognomic variations in four forest formations related to fl ood gradient and edaphic characteristics. The study was carried out at the Jacarenema Nautral Municipal Park, Vila Velha, Espírito Santo state, Brazil. We made four soil profi les varying in depth, and collected one sample from each horizon per profi le. Piezometers were set up at 2m depth in each phytophysiognomy to record groundwater variance. Recognition and delimitation of the vegetation units followed the phytophysiognomic, ecological and fl oristic criteria of the different formations, and vegetation characteristics of each phytocenose were expressed by means of an illustrative profi le. Four distinct classes of soil were found beneath the phytophysiognomies. Very poorly drained Histosol (Thionic, Sapric, Solodic) was found beneath the Flooded Forest, poorly drained Gleysol (Thionic, Humic, Solodic) beneath the Seasonally Flooded Forest, moderately to imperfectly drained Spodosol (Humiluvic, Hydromorphic, Duric) beneath the Non-Flooded Transitional Forest, and excessively drained Quartzarenic Entisol (Orthic, Spodic) beneath the Non-Flooded Forest. It is evident from the outcome that there are indeed vegetation responses to edaphic variables.