Este artigo é um recorte da pesquisa ‘Livros didáticos de Filosofia no Brasil (1980-1990): um estudo sobre proveniências e modos de ensinar Filosofia’, realizada no curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria. Tem por objetivo discorrer sobre os livros didáticos de Filosofia produzidos no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Problematizamos este período histórico brasileiro, de modo a compreender os elementos que se tornaram condições para que os livros didáticos, em geral, e os livros didáticos de filosofia, em especial, pudessem emergir com força e relevância no ensino escolar de filosofia no Brasil. Para tanto, o estudo se aproxima de uma perspectiva genealógica de Michel Foucault (2015), como a escrita de uma história que recusa a perfeição das origens, reconhecendo os acontecimentos como tramas discursivas, que se cruzam e entrecruzam em movimentos e forças constantes que formam e transformam o contexto. Resulta da investigação que a emergência do livro didático de Filosofia é condicionada as forças em jogo que se tramaram nos seguintes períodos: o fim da Ditadura Militar; o processo de redemocratização (1980); o processo de massificação do ensino (1990); as lutas e os embates para o retorno do ensino de Filosofia aos currículos do segundo grau/ensino médio e a publicação da Lei 9.349 de 1996.