O Aedes aegypti e o digital

Abstract

Resumo: Este artigo conjuga interesses do campo das relações humano-animal com

Covid-19, biossegurança e antropologia

“…mosquitos, mas apenas onde queriam encontrá-los. Portanto, as tecnologias de geolocalização ecoavam os círculos históricos de exclusão que associavam pobreza e doença (Segata, 2017(Segata, , 2019. Nas porções territoriais mais pobres dos municípios não havia contêineres na rua para o depósito adequado de lixo; noutros casos, muitas pessoas acumulavam materiais recicláveis para vender com forma de sustento, na falta de empregos formais.…”

“…Além disso, havia um outro "viés" na produção de dados para as tecnologias de preparação: o mosquitocentrismo (Augusto et al, 1998;Segata, 2017). Febre amarela, dengue, zika e chikungunya são doenças diferentes, mas o mosquito é o que formata grande parte da resposta em saúde.…”

“…Ambos integram, digamos assim, um enquadramento extenso do pensamento euro-americano afunilado pelo capitalismo -dito assim, entre naturalismo e Capitoloceno (Descola, 2017;Haraway, 2015). Trata-se do excepcionalismo humano que organiza o assim chamado mundo natural como sendo uma externalidade ao social (Lewgoy;Segata, 2017;Tsing, 2019). A partir dele, a natureza é convertida em uma fonte de recurso, imaginada como inesgotável.…”

Para além da ciência e do anthropos: deslocamentos da antropologia da ciência e da tecnologia no Brasil

“…Perícias, bases de dados policiais, biobancos forenses, vigilância e privacidade, entre outros temas, compõem um campo riquíssimo de discussão que cresce de modo consistente. Também a noção de cibercultura (em um quadro mais geral no qual se discutem as "políticas etnográficas") vem sendo proposta em diversos trabalhos por Theophilos Rifiotis e Jean Segata, dando espaço para produções colaborativas focadas tanto no estudo dos processos sociais mediados pelas tecnologias digitais quanto na interface com o campo das ciências da vida (Segata e Rifiotis, 2016;Segata, 2017).…”

Quando biólogos olham para os bichos: caatinga, ecologia e zoologia entre vida, trabalho e morte

“…Antropólogos têm também se interessado por seguir animais (Osório, 2016;Sá, 2005Sá, , 2010Segata, 2016Segata, , 2017Souza, 2017aSouza, , 2017bSüssekind, 2012), reconhecendo-os como agentes ativos que participam de enredos que os enlaçam aos humanos em experiências concretas e situantes de biotério, biomas, área de reserva e prevenção da dengue, entre outras. Animais e demais não humanos são agentes ativos que permitem, estimulam, interrompem e bloqueiam interações (Latour, 2012) para além da destreza intelectual e do que dizem sociólogos, antropólogos, epistemólogos (Sá, 2013), biólogos e outros humanos.…”