As periferias urbanas são marcadas pela extensiva presença de espaços que se apresentam como centros de recuperação religiosos dedicados, formalmente, ao acolhimento de pessoas que fazem uso problemático de drogas. No entanto, esses projetos são reconhecidos localmente por sua capacidade de acolher um perfil muito mais amplo de pessoas, que enfrentam os mais variados problemas: uso problemático de drogas, conflitos com a justiça, falta de local de moradia fixa, sofrimentos psíquicos, insegurança alimentar, dentre outros. O objetivo deste artigo é pensar sobre esses equipamentos religiosos, tomando a cidade como plano de referência, e assumindo a relevância dos debates sobre espaços de acolhimento e alternativas de moradia temporária no contexto das periferias urbanas. Retomamos aqui, para os fins desta reflexão, o uso do termo “casas de recuperação”, como também são nomeados esses projetos, a fim de assumir o potencial analítico da ideia de casa neste contexto, e assim refletir sobre acolhimento, moradia, autoconstrução, pentecostalismo e processos de construção de uma vida digna.