“…É central para esse movimento a reorganização da cena política brasileira após o fim do Estado Novo. Como já apontado por importante bibliografia, a construção de uma ampla coalizão política anti-varguista, que conjugava desde lideranças militares do Estado Novo, algumas delas simpatizantes de véspera das potências do Eixo, como Góes Monteiro, até oligarquias regionais de discurso liberal que apoiaram Vargas na Revolução de 1930 (BENEVIDES, 1981;CHALOUB, 2015), levou Vargas a apostar em um discurso mais próximo das massas populares (ALMINO, 1980) O discurso anticomunista (MOTTA, 2002) quase sempre assumia as vestes de uma forte adesão ao lado americano, então presente tanto dentre lideranças da direita udenista, como era o caso de Carlos Lacerda e Bilac Pinto (CHALOUB, 2015(CHALOUB, , 2019, como dentre os militares, como bem expõem as manifestações da ala cosmopolita do Exército (PEIXOTO, 1980), que tem nos textos de Golbery Couto e Silva (1967,1981,2003) O presente artigo pretende refletir sobre as rupturas e continuidades entre os usos do conceito de América Latina, assim como dos conceitos a ele relacionados, como peronismo e bolivarianismo, ao longo da República de 1946 e posteriormente à vitória eleitoral do PT nas eleições de 2002. O objetivo é identificar a longa duração de alguns dos argumentos da ultradireita brasileira contemporânea, de modo a não os tomar como absoluta novidade no debate político atual.…”