O campo Jurídico em Pierre Bourdieu: a produção de uma verdade a partir da noção de propriedade privada nos manuais de Direito

Abstract

As análises em torno do Direito vêm focalizando prevalentemente ora os elementos formais, ora os instrumentais e, nesse sentido, reduzem a possibilidade de compreensão do próprio Direito. A noção de campo jurídico utilizada por Pierre Bourdieu torna-se um importante instrumento para compreender esse universo social do mundo jurídico, que organiza as relações e delimita os espaços, onde os “operadores do direito” concorrem entre si pelo monopólio do direito de dizer o Direito. Neste sentido, a noção de propriedade privada contida nos manuais de “Direitos Reais” ou de “Direitos das Coisas”, permite explicitar esse processo de luta que ocorre no interior do campo jurídico, evidenciando a construção de uma prática e de um discurso jurídico próprios, cujos objetivos são a produção, reprodução e difusão de um tipo de conhecimento e de saber, que mais ter servido para cristalizar o pensamento jurídico dominante.

O discurso jurídico midiatizado: análise da denúncia de Deltan Dallagnol contra Lula

“…Nesta lógica, o autor entende que a ação jurídica está diretamente ligada ao poder, seja na concorrência dos profissionais da área, seja naqueles que necessitam de justiça para a defesa dos seus interesses. Partilhamos da ideia de Shiraishi (2008) quando aponta que a noção de campo jurídico utilizada por Bourdieu é um importante instrumento para compreender o universo social do mundo jurídico, que acaba organizando as relações e delimita os espaços, onde os "operadores do Direito" concorrem entre si pelo monopólio do direito de dizer o Direito. Madeira (2007) afirma que entre os campos sempre há uma interpenetração e existe uma relação entre o campo jurídico com os demais campos.…”