Neste artigo desnudamos os contos de Redemoinho em dia quente (2019), de Jarid Arraes para reconhecermos as vozes decolonias que habitam as narrativas e ecoam resistência às violências cotidianas vivenciadas pelo ser mulher. Daremos especial atenção a três contos: ‘Cinco mil litros’; ‘Telhado quebrado com gente morando dentro’ e ‘Gesso’. Estes contos foram escolhidos porque compartilham a resiliência como modo de sobrevivência entre mulheres que subvertem seus destinos ao não aceitarem os abusos físicos, sexuais e financeiros e que, portanto, não se permitem colonizar. Também é fundamental a este trabalho o reconhecimento da importância de vozes como a de Arraes, mulher, negra e nordestina no cenário literário contemporâneo. A voz de Jarid destaca-se, sobretudo, por sua tomada de posição e entendimento do seu fazer político através da sua literatura. Dentre as conclusões possíveis, a mais urgente é a necessidade de que cada vez mais vozes como a de Jarid Arraes ocupem o campo literário e tomem a cena ficcional brasileira: mulheres que fazem literatura com as feridas que carregam nos seus corpos e que com as marcas de suas ancestralidades, conquistam novos espaços.