“…Para a autora, "os medievais oscilaram entre, por um lado, a visão dualista do corpo associado à carne e oposto à alma e, por outro, a da unidade da alma e do corpo, criados em um mesmo momento e salvos juntos do pecado". 23 Para o cânone, as mutilações voluntárias dos órgãos sexuais masculinos estimuladas como estratégia de combate às "concupiscências carnais" são proibidas, porque, no fundo, como prevê a legislação, valoriza-se a integridade, sacralidade e unidade do corpo, algo frontalmente oposto à desejada "mutilação" espiritual promovida pela "disciplina religiosa e abstinência". Tal estratégia radical constituiria uma atitude ineficaz e iria contra o que fora estabelecido por uma autoridade divina, cujo poder descente e sobrenatural não admitiria a desfiguração do corpo como veículo para alcançar uma escala acentuada e desmedida da castidade.…”