RESUMOO presente estudo é de caráter descritivo com abordagem qualitativa e teve como objetivo analisar a percepção de pacientes acerca do período de internação em unidades de terapia intensiva (UTIs). Os dados foram coletados junto a 11 pacientes conscientes e orientados, após a alta da unidade. As entrevistas foram registradas por escrito e submetidas à análise de conteúdo. Desta análise emergiram duas categorias: Percepção insatisfatória e Percepção satisfatória. O foco central foram os aspectos apontados pelos pacientes no período de internação. Neste estudo pudemos denotar que a UTI nem sempre é um ambiente frio e desumano para os sujeitos e que tais aspectos podem estar relacionados com o momento em que o cliente se encontra e a postura profissional da equipe envolvida.Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem. Percepção. Unidades de Terapia Intensiva.
INTRODUÇÃOA Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nasceu da necessidade organizacional dos profissionais de saúde para a realização da assistência a pacientes com alto grau de complexidade, visando ao atendimento e observação constantes em ambiente restrito e especializado. Trata-se de uma idéia antiga que começou a ser concretizada por Florence Nightingale ao isolar os doentes mais graves, durante a Guerra da Criméia, em 1800, e desenvolveu-se após a II Guerra Mundial e a Guerra da Coréia (1) . Assim, ao longo do tempo, tentativas de organização e implementação de cuidados e, principalmente, os avanços tecnológicos, proporcionaram o surgimento destas unidades.Por falta de conhecimento e de informação sobre estes serviços, as pessoas visualizam na rotina assistencial, no perfil da equipe intensivista e na enfermidade que acomete os doentes para lá encaminhados, características mistificadas, oriundas de idéias ou opiniões inadequadas acerca do atendimento.Muitos estudos também demonstram que o entendimento comum sobre a UTI caracteriza-a como um ambiente impessoal e desumano, destinado a pacientes à beira da morte, além de conotar aos profissionais, ali atuantes, frieza e insensibilidade (2)(3) . A falta de informação e de compreensão acerca da finalidade e da essência dos serviços de terapia intensiva, somando-se à dificuldade das pessoas em lidar com a vulnerabilidade humana, faz despontar aspectos que influenciam diretamente a percepção e a avaliação dos pacientes sobre a assistência e a terapia empreendidas nestes setores.Apesar de oferecer um serviço especializado, com profissionais extremamente capacitados, a UTI talvez seja o setor que mais gera estresse nos pacientes, pela própria estrutura ambiental, pelas técnicas e procedimentos, pela doença que contribui para isso e interfere na capacidade de adaptação e mudanças no indivíduo e na sua família (4) . A assistência prestada a pacientes em UTIs é bastante polêmica. Se de um lado ela requer intervenções rápidas, de outro, não se tem dúvida de que são espaços naturalmente mobilizadores de emoções e sentimentos que freqüentemente se expressão de forma muito intensa (5)