Esta investigação tem como objetivo refletir sobre a cobertura fotojornalística de mulheres que, por determinada lógica, podem ser consideradas produtoras de enquadramentos “não oficiais” de uma realidade política e social, quer dizer, de enquadramentos que de alguma maneira rompem com aquilo que seria autorizado pelo Estado vigente, de acordo com o pensamento proposto por Judith Butler. A perspectiva epistemológica dos Estudos de Gênero e o embasamento teórico da História das Mulheres colaboram para o desenvolvimento da reflexão que parte do período histórico da ditadura militar brasileira, iniciada em 1964, e que estabeleceu a censura e o cerceamento de direitos sobre a sociedade civil, mas também recaiu muito fortemente sobre profissionais da imprensa do país. Ao longo da discussão, são apresentados trechos de entrevistas, algumas realizadas e interpretadas a partir da metodologia da História Oral, o que permitiu observar que determinadas experiências fotográficas operam como uma espécie de resistência à imagem que se tentava construir à cerca do país. Acredita-se que tais produções podem consideradas formas de tencionar e desafiar imagens que se tornaram ícone de determinados períodos políticos e que seguem em disputas constantes pelo posto da “verdadeira” história.