O artigo apresenta os resultados de um intenso movimento político-acadêmico ocorrido nas últimas duas décadas -cotas étnico-raciais e Encontro de Saberes -que se configura como uma proposta de transformar o atual modelo de universidade em uma universidade aberta a novos saberes, sujeitos e epistemologias. Durante todo o século XX, as populações negras, indígenas e dos demais povos tradicionais, assim como as suas ricas tradições de conhecimento, foram todas excluídas do ensino superior. Junto com elas, os mestres e as mestras dessas tradições foram igualmente silenciados. Por esse motivo, nosso ensino superior foi construído sob o signo de uma dupla exclusão: exclusão étnico-racial e exclusão epistêmica. Articulando cotas étnico-raciais, cotas epistêmicas, Encontro de Saberes, Notório Saber, polimatia e transdisciplinaridade, podemos agora formular um modelo de refundação completa do modelo eurocêntrico e branco de universidade brasileira. Uma universidade aberta a novos saberes, sujeitos e epistemologias deve passar, necessariamente, por um rearranjo radical do seu modelo vigente, que pode ser descrito como monoepistêmico, monocultural, monolíngue, monoétnico e monorracial. Com base no Encontro de Saberes, apresentamos a proposta dos Três Troncos Epistêmicos -ocidentais, indígenas e afro-diaspóricos -e com eles podemos finalmente formular um modelo próprio e original de universidade brasileira: multicultural, plurilingue, multiétnica, multirracial, omni-inclusiva, transdisciplinar e pluriepistêmica.