O estabelecimento da atenção conjunta entre bebês e bebês e outras crianças, em ambientes de cuidado coletivo

Abstract

"E minha vida, mais que ser um templo, é uma caverna interminável, em cujo recesso esconde-se um tesouro que me foi legado por meu pai, mas cujo esconderijo eu nunca encontrei, e cuja descoberta ora te peço. " Vinícius de Morais Uma dedicatória, uma reza, uma mensagem, um beijo: este trabalho é para Sofia e Maria Fernanda. AGRADECIMENTOS Muitos são os agradecimentos desejados e necessários. Esta tese contou com inúmeras mãos de apoio à pesquisadora, inúmeros desejos de sucesso; inúmeras ofertas de carinho e cuidados. Aqui relaciono aqueles que foram constantes ao longo dos anos de envolvimento no trabalho, e antecipadamente me desculpo pela traição da memória quanto aos demais. Não podendo ser diferente, agradeço à minha orientadora, Katia de Souza Amorim. Sem ela, sem seu acolhimento e exigência, essa tese não existiria. Muito de quem me tornei, durante e após o percurso das pesquisas de mestrado e doutorado, distanciando-me de um fazer pesquisa mecanizado e duro, e também de um relacionamento acadêmico impessoal e rígido, devo a ela. Ser orientanda da Katia é processo alquímico transformador. Às Cindedianas deixo um muito obrigada afetuoso. À Marisa Von Dentz, Carolina Alexandre Costa e Gabriella Garcia Moura, cujo contato foi mais próximo durante o percurso desta pesquisa, reservo um agradecimento especial. À Natália Meirelles Costa dos Santos e Ludmilla Dell'Isola Pelegrini Ferreira Almada, um agradecimento carinhoso também. Ressalto que Marisa e Gabriella têm lugar cativo nas minhas melhores lembranças, desde a época do mestrado. São mulheres que perceptivelmente trazem, em seus atos, a marca do CINDEDI, de simpatia e empatia, bom humor, generosidade, ética e seriedade quanto às pessoas e às pesquisas. À Banca de Qualificação, Profas. Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves e Nádia Maria Ribeiro Salomão, pelas valiosas correções e apontamentos, que busquei atender plenamente.

O desenvolvimento da exploração locomotora e o processo de transição do bebê à creche: (pro)posições, negociações e percursos

“…Data 10/04/2017 (4ª sessão) Dentro de uma zona de atenção triádica (Anjos et al, 2004;Amorim, C. Costa, Rodriguez, Moura & Ferreira, 2012;C. Costa & Amorim, 2015;Miguel, 2019) e apreensão compartilhadas entre os bebês, seus movimentos entre diferentes bebês se coordenam (Pedrosa & Carvalho, 1995) (Anjos et al, 2004;Neves et. al., 2018), quer seja em forma de afastamento e recusa, confere ao bebê novos meios de se explorar, mover, ser e estar naquele contexto (Amorim, Anjos & Rossetti-Ferreira, 2012).…”

“…A complexificação do movimento exploratório de Isabela se dá em paralelo à complexificação interativa com outros bebês, que também estão aprendendo a se locomover através: do compartilhamento e triangulação atencional (N. Miguel, 2019;Tomasello, 2003); afinamento exploratório constituindo fluxos facilitadores ou dificultadores de obtenção do objeto; a "animação" do objeto pelo par como atrator diferenciado (Amorim, Anjos & Rossetti-Ferreira, 2012;; movimento mais intenso, veloz e persistente no percurso de aproximação do foco atencional; o enfrentamento de um percurso mais desafiador sem o abandono da iniciativa exploratória ou a busca do adulto; e, para além do papel interativo de ser quem busca o objeto do outro, sutilmente prenunciar o ato de reter o objeto e negar sua tomada pelo outro. Ainda, há alternâncias de papéis interativos a partir de posturas diferenciadas de maior/menor domínio do objeto a partir do maior controle motor, sendo que tanto o adulto pode ativamente (re)estruturar os papéis, quanto os próprios bebês, na espontaneidade das suas (inter)ações, podem fazê-lo.…”

“…Poderia também trazer o inusitado, o imprevisto, a disputa ou mesmo o compartilhamento exploratório de uma forma original que não é reproduzida na relação com o adulto. Pensando na triangulação movimento/atenção do par a um objeto comum no processo de exploração Miguel, 2019), o conjunto bebê-objeto desdobrava maior engajamento e desafiava o bebê a se utilizar de meios mais complexos de movimento como precisão, velocidade, alternação, contribuindo para novos meios de exploração e apropriação do ambiente/outros/do próprio corpo. A exploração emergia como sendo sincronizada, contrastada, facilitada ou até mesmo dificultada no fluxo interativo.…”