O Estigma Da Loucura Como Fator Usurpador Da Dignidade Humana: Uma Análise Na Perspectiva Do Direito À Saude.

Abstract

Os transtornos mentais têm avançado na sociedade contemporânea. Alguns fatores a que se pode atribuir esse avanço é a vida sobrecarregada e a corrida desenfreada pelo dinheiro. O excesso de trabalho, o sedentarismo e a falta de tempo para si e para o outro, têm gerado na grande maioria das pessoas sentimentos de solidão, frustrações, raiva, fortes episódios depressivos, distanciamento afetivo, baixa realização profissional, psicoses, manias e suicídios. A estigmatização do portador de transtornos psiquiátricos na família, no trabalho, nos grupos sociais e na sociedade é responsável pela exclusão social dessas pessoas. O estigma da loucura fere a dignidade humana, na medida em que retira da pessoa a própria identidade, desconstruindo sua imagem e o emoldurando como louco. A tolerância é aqui posta como atitude capaz de trazer para dentro da sociedade essas pessoas que sofrem com os transtornos psiquiátricos, a fim de se coibir o fenômeno da estigmatização, garantindo-lhes assim uma vida digna, da qual a saúde é núcleo fundamental.

E o passado não é apagado: Cartografando o percurso de uma usuária-guia pela sua Rede de Cuidado em Saúde Mental

“…Ao abordar os vários platôs que formam sua trajetória, cita-se seu diagnóstico de transtorno mental, e ocorre que, ao receber esse diagnóstico, o indivíduo se encontra "marcado". 22 Este cenário da loucura foi tema de duas pesquisas que abordaram as consequências de ser diagnosticado como portador de sofrimento mental, sendo que, em uma delas, evidenciou-se como a qualidade de vida do indivíduo se modifica, 24 corroborando com a segunda, que chegou à conclusão, por meio de dados quantitativos, que,numa amostra de 100 mulheres, 89% acreditavam que sofriam preconceito e 85%, que o transtorno mental era um dos principais motivos de elas não serem respeitadas. 25 Sua comorbidade é de grande relevância pois, apesar de socialmente ter uma conotação negativa, é por meio dela que muitas redes se estruturam, como sua ligação com a RAPS.…”

“…25 Sua comorbidade é de grande relevância pois, apesar de socialmente ter uma conotação negativa, é por meio dela que muitas redes se estruturam, como sua ligação com a RAPS. Apesar de ser um suporte em sua vida, desde o primeiro diagnóstico, o CAPS não consegue dialogar de maneira efetiva como outros pontos da Rede, ocorrendo que a usuária adentra o local apenas quando se encontra em crise, 24 não se tendo, de forma efetiva, a realização da reinserção social que se espera da RAPS.…”

A internação psiquiátrica compulsória e involuntária: aspectos técnicos e éticos

“…"Ser tolerante é conviver, respeitar as diferenças culturais, físicas e aprender com o outro" (p.16). Tolerância e respeito são atitudes que devem estar presentes no Estado Democrático de Direito, pluricultural para que seja possível a convivência harmônica entre as pessoas (Bussinguer, Arantes, 2016).…”

Atenção primária à saúde: estigma a indivíduos com transtornos mentais

“…In turn, the patients are discouraged from persisting in the treatments, which, in many cases, should continue throughout their lives. 29 This perspective of social exclusion results in the risk of hospitalization in psychiatry units, due to the worsening of the mental disorders. 29 Given the situation abovementioned, it is possible to affirm that there is still a culture of supporting the asylum model, influencing the relationships, knowledge, and practices as if they were present within each health professional; as if they were still rooted in the system and have to be deconstructed.…”

“…29 This perspective of social exclusion results in the risk of hospitalization in psychiatry units, due to the worsening of the mental disorders. 29 Given the situation abovementioned, it is possible to affirm that there is still a culture of supporting the asylum model, influencing the relationships, knowledge, and practices as if they were present within each health professional; as if they were still rooted in the system and have to be deconstructed. 30 In other words, it is inferred that, in the experience of exclusion, the individuals with mental disorders will have their psychic suffering related to other individuals and themselves aggravated, because they believe in limitations and stereotypes.…”