O presente artigo resulta de uma pesquisa sobre as elites cearenses, como se formam, circulam e são recrutadas, a partir do pressuposto de que o Ceará vem passando por um processo de modernização a partir dos anos 1950, impulsionado pelo nacional-desenvolvimentismo que se inicia naquela década. Coloca-se, assim, a seguinte questão: a elite parlamentar imediatamente anterior a esse período, eleita em 1945, ainda é representante das forças conservadoras? Ou, após a Era Vargas e o rearranjo entre as elites regionais promovido neste contexto, já se configura como agente modernizador? A hipótese é de que não teria ocorrido uma mudança no perfil dos parlamentares. Como metodologia, recorreu-se à análise prosopográfica baseada no corpus empírico, constituído por dois senadores e sete deputados federais. Conclui-se que a hipótese se comprova apenas em parte, pois, se as trajetórias analisadas apontam para uma grande maioria de agentes com ascendência ligada aos poderes locais, por outro lado revelam a presença de valores modernizantes.