ResumoTrata-se de um estudo sobre o mutualismo na cidade do Rio de Janeiro, visto como uma das estratégias escolhidas pelos trabalhadores para escapar às condições de pobreza em que viviam ou, pelo menos, amenizá-las. O artigo busca oferecer um quadro geral do fenômeno na então capital brasileira, levando em conta sua dimensão, duração, trajetória e principais características. Ao mesmo tempo, procura realçar quais setores eram excluídos do movimento, entendendo que sua identidade era definida com base no estabelecimento de algumas fronteiras delimitadoras entre setores sociais distintos. Busca-se estabelecer um diálogo com os trabalhos produzidos sobre o mutualismo, no Brasil e, sobretudo, no exterior. Foram utilizados, como fontes primárias, dois levantamentos inéditos produzidos sobre o fenômeno no Rio de Janeiro, além de informações anteriormente referenciadas por outros autores, às quais tivemos acesso. Palavras-chave: sociedades de auxílio mútuo; trabalhadores; pobreza. AbstractThis article is about friendly societies movement in the city of Rio de Janeiro, seen as one of the strategies chosen by the workers to face poverty and to improve life conditions. The article intends to offer a general overview about the mutual movement in the Brazilian capital at that moment, considering different aspects as its dimensions, lifetime, trajectory, and main characteristics. At the same time, it aims to stress sectors excluded from the movement, whose identity was based on the established frontiers that separated distinct social sectors. The article intents, as well, to promote a dialogue with other researches about friendly societies in Brazil, and especially the ones produced abroad. We used, as the main sources, two statistic series never studied before, about the phenomenon in Rio de Janeiro, besides other group of sources.
O estudo dos setores excluídos tem sido composto predominantemente de reflexões acerca dos mecanismos de repressão e exclusão sociais por parte do Estado e do mercado, bem como das alternativas de resistên-cia a tais mecanismos. Para tal, as contribuições da Historiografia Social Inglesa foram vastas, sobretudo quando, após a década de 1960, seu encontro com a Antropologia permitiu o nascimento da História Social da Cultura na qual destacaram-se as clássicas contribuições de E.P. Thompson em suas pesquisas sobre o processo de formação da classe trabalhadora inglesa. Tendo tal classe sido formada após 1830, conforme assevera Thompson, 1 ou entre as décadas de 1880 e 1890, como expressou a contraposição de Hobsbawm a ele, 2 o que se destaca nas análises produzidas foi a preocupação com a interferência de fatores extra-econômicos no processo de formação de uma consciência de classe, para a qual foram fundamentais as dissidências religiosas, as festividades populares, os rituais e símbolos compartilhados pelos trabalhadores, as experiências prévias de associativismo, entre outros.A partir deste novo paradigma, as pesquisas foram estendidas aos trabalhadores que não se inseriam no movimento operário, ou seja, sobre aqueles que não compunham a minoria organizada e militante. Nascia assim o estudo dos trabalhadores que se encontravam fora do mercado formal de trabalho. Esta condição impedia a sua participação nos mecanismos institucionais de luta operária, tais como os sindicatos em suas diferentes formas de luta como as greves, a imprensa operária ou a militância política. Daí se explica a mudança de foco refletida na valorização de formas alternativas de resistência dos trabalhadores contra os abusos do capital.Inserido neste novo paradigma, o presente trabalho se propõe a estudar os trabalhadores que se encontravam alheios às intensas lutas operárias que se travavam no Brasil a partir do final do século XIX. Mas, ao Topoi, v. 9, n. 16, jan.-jun. 2008, p. 117-136.
N este artigo procuraremos fazer uma análise específica sobre a "política dos estados" implantada por Campos Sales quando esteve à frente da Presidência do país, com o objetivo de avaliar o impacto da mesma sobre a estabilização dos conflitos políticos da nascente República. A partir da investigação feita sobre novas fontes, acreditamos poder contribuir um pouco mais para o debate sobre o tema.O governo Campos Sales foi objeto de inúmeros estudos, desde os que lhe foram contemporâneos até trabalhos mais recentes. Para além das biografias produzidas por familiares, amigos ou ex-colaboradores, todas elas de caráter bastante elogioso e enaltecedor de seus feitos 1 , a literatura propriamente acadêmica acabou, em nosso entendimento, por repercutir o esforço desses trabalhos em conferir à reforma dos estados um poder maior do que ela efetivamente teve.A década de 1970 testemunhou uma série de referências deste tipo, a exemplo dos trabalhos de Edgar Carone, que responsabilizam Sales por ter consolidado a permanência dos mesmos grupos no poder, ao congelar a disputa política nacional, como se vê abaixo, em duas de suas obras:http://dx
Analisa as propostas de assistência à pobreza elaboradas na primeira década do século XX na cidade do Rio de Janeiro, por alguns de seus mais destacados intelectuais e filantropos, denominados reformadores, articulados com o debate que se processava na Europa acerca das alternativas de combate à pobreza. Propõe-se a refletir sobre a maneira pela qual tais reformadores recepcionaram as soluções propostas e/ou implementadas na Europa e as adequaram à realidade brasileira, propondo medidas que visavam amenizar os problemas relativos à chamada questão social brasileira.
Resumo Este artigo faz uma reflexão sobre a produção recente acerca do corporativismo e busca não só identificar as balizas clássicas sobre as quais as discussões se apoiaram ao longo das décadas passadas, mas também propor uma reflexão a respeito das abordagens mais novas sobre o tema no Brasil e suas conexões com o debate internacional. O texto se divide em três partes. Na primeira, discute-se o conceito de corporativismo; na segunda, delineia-se o debate nacional; por fim, identifica-se a emergência de abordagens mais atuais e de redes de pesquisa organizadas em torno do tema. Foram priorizados artigos e capítulos de coletâneas para a redação do ensaio, obedecendo ao formato assumido pelas produções mais modernas.
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