Introdução: A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) tem sido considerada a principal causa de hepatopatia crônica a nível mundial. Sua prevalência global, em adultos, anteriormente estimada em 25,24%, tem aumentado progressivamente, sendo a estimativa atual de 30,1%. A DHGNA tem sido frequentemente associada às doenças cardiovasculares (DCV) subclínicas, doença arterial coronariana (DAC) crônica ou aguda, ao acidente vascular cerebral isquêmico e as DCV tem sido descritas como a principal causa de mortalidade em portadores de DHGNA. A relevância da DHGNA, a importância da DAC, a provável associação significativa e possível correlação quanto ao grau ou severidade, entre ambas, a falta de dados nesse contexto, principalmente na região Sul do Brasil, reforçam a necessidade de estudos para a elucidação desse cenário. Objetivo: Analisar a relação entre a DHGNA e a DAC aterosclerótica no contexto da prevalência e gravidade, em pacientes cardiológicos ambulatoriais. Métodos: Estudo transversal, desenvolvido de janeiro de 2022 a setembro de 2023. Foram alocados 36 pacientes ≥18 anos, com DAC aterosclerótica estabelecida, documentada e excluídos os portadores de condições esteatogênicas, como o consumo significativo de bebidas alcoólicas. A esteatose hepática foi quantificada em graus I, II e III por meio de ultrassonografia. A DAC foi também quantificada em graus I, II e III conforme a severidade. Resultados: A prevalência de DHGNA foi de 66,67%, 83,33% com esteatose grau I, 16,67% com esteatose grau II. Comparando-se com a prevalência na população adulta em geral, observa-se diferença significativa com valor de p<0,0001. Em portadores de SM a prevalência de DHGNA foi de 73,33%. Em diabéticos tipo 2 essa prevalência foi de 66,67%. Nos casos de DAC grau I a prevalência de DHGNA foi de 66,67%, de DAC grau II de 72,73% e entre aqueles com DAC grau III a prevalência foi de 62,5%. Em portadores de DHGNA, a prevalência de DAC grau I foi de 25%, grau II de 33,33% e grau III de 41,67%. Conclusão: A DHGNA foi altamente prevalente em portadores de DAC aterosclerótica estabelecida. Em portadores de DHGNA, a DAC de maior grau foi mais prevalente, no entanto, não se caracterizou associação significativa ou correlação entre a DHGNA e a gravidade da DAC. Não houve associação significativa entre o IMC ou DM2 com a prevalência de DHGNA e essa prevalência foi maior em portadores de SM, porém, sem significância estatística.