RESUMONeste artigo descrevemos resultados parciais relativos ao primeiro ano de uma pesquisa fenomenológica longitudinal sobre a experiência vivida do estigma da doença mental no Nordeste do Brasil. Utilizando o método fenomenológico crítico, foram analisadas 30 entrevistas com pacientes de um hospital público de Fortaleza, diagnosticados como doentes mentais. Os resultados mostram a presença, não apenas do estigma, mas, principalmente, do autoestigma na experiência vivida da doença mental. Associados ao estigma e ao autoestigma são desenvolvidos comportamentos de vergonha, isolamento, e manutenção da doença em segredo, por conta da imagem pejorativa da doença mental dentro da tradicional compreensão do estigma associado à loucura. Mas, além desta compreensão, a experiência vivida tanto do estigma quanto do autoestigma aparece, também, qualitativamente relacionada ao caráter "invisível" da doença mental. Rcncxtcu/ejcxg: estigma; doença mental; fenomenologia.
ABSTRACT "My Illness is Invisible!": Revisiting the Stigma of Being Mentally IllIn this article, we describe part of the results of the first year of a longitudinal project about the lived experience of stigma among those with mental illness in Northeast Brazil. Using the critical phenomenological method, 30 interviews with patients in a public hospital in Fortaleza, Brazil were analyzed. The results show the presence not only of stigma but of self-stigma in the lived experience of mental illness. In addition to stigma and self-stigma, behaviors of shame, isolation and keeping the illness in secret are developed because of the pejorative image of mental illness, in the traditional comprehension of stigma as being associated to madness. Besides this comprehension, the lived experience of stigma, as well as of self-stigma appears also qualitatively related to the "invisible" character of mental illness. Mg{yqtfu: stigma; mental illness; phenomenology.O estigma -definido como uma diferença indesejada, um atributo pejorativo que implica na intolerân-cia do grupo -é, atualmente, uma das prioridades de pesquisa pela OMS -Organização Mundial da Saúde, dado que, apesar de ser amplamente aceita a evidência sobre as consequências do estigma, em níveis pessoais e de saúde pública, faltam evidências de como se lidar efetivamente com esses problemas. Embora se saiba que as doenças mentais e contagiosas, particularmente HIV/AIDS, sejam estigmatizadas em todo o mundo, é pouco compreendido como os significados e os processos culturais produzem as configurações particulares do estigma através das sociedades e das diferentes doenças. Sabe-se que estigma traz problemas para quem o vivencia tais como a exclusão do sujeito nas suas relações sociais, a percepção depreciativa de si, o ensimesmamento, a reconfiguração na dinâmica familiar, a inserção no mercado de trabalho, dentre outros. Face à essas questões, faz-se necessário compreender o modo como o estigma é vivenciado e significado pelo sujeito.A OMS tem como uma de suas principais metas, a elaboração de estratégias para faz...