Questiona-se a atual definição de saúde da Organização Mundial da Saúde: "situação de perfeito bem-estar físico, mental e social" da pessoa, considerada ultrapassada, primeiramente, por visar a uma perfeição inatingível, atentando-se as próprias características da personalidade. Menciona-se como principal sustentação dessa idéia, a renúncia necessária a parte da liberdade pulsional do homem, em troca da menor insegurança propiciada pelo convívio social. Discute-se a validade da distincão entre soma, psique e sociedade, esposando o conceito de homem "integrado", e registrando situações em que a interação entre os três aspectos citados é absolutamente cristalina. É revista a noção de qualidade de vida sob um vértice antipositivista. Essa priorização e proposta de resgate do subjetivismo, reverte a um questionamento da atual definição de saúde, toda ela embasada em avaliações externas, "objetivas", dessa situação.
O artigo procura formular uma teoria acerca do papel do chamado "louco de rua" no imaginário popular, através da apreensão do lugar por ele ocupado em sua comunidade. A compreensão de "loucura" aqui levada em conta baseou-se no pensamento de Foucault, que a vê como fenômeno determinado historicamente e divide as formas de sua concepção no decorrer da história entre as modalidades trágica e crítica, a primeira antecedendo o advento da psiquiatria. O material foi obtido na narrativa literária (em poesia e prosa) de uma série de escritores brasileiros e, através de sua análise, buscou-se apreender as características das relações que se travam entre o louco de rua e a comunidade no espaço do teatro do mundo e detectar-se a maneira como o convívio com o louco toca o imaginário popular e produz efeitos.
Através de uma análise das diferentes concepções de normalidade subjacentes aos instrumentos mais comumente utilizados da realização do psicodiagnóstico, os autores apresentam contradições estruturais nesta prática e sugerem a metodologia psicopatológica como seu possível fundamento epistemológico.
Freud começou a publicar seus trabalhos psicanalíticos alguns anos antes da virada do século xix para o século xx. Vários escritos datados dos anos 90 do século xix foram e surgiram de reflexões germinais, e vieram a ser considerados fundamentais para a compreensão de sua obra. No entanto, o marco que se convencionou para datar "oficialmente" o nascimento da psicanálise foi a publicação de A interpretação dos sonhos,em 1900,tal é a importância fundante que essa obra veio a ter na delimitação daquilo que é o objeto propriamente dito da psicanálise: o inconsciente,para o qual o sonho seria,no dizer de Freud,a "via régia".Nos primeiros anos da aventura psicanalítica, Freud concedia um lugar proeminente ao chamado "fator econômico" em sua teoria do funcionamento mental:a luta do organismo humano pelo prazer,a fuga do desprazer, os princípios de regulação da homeostase por meio da descarga e as conseqüências da retenção de "quantidades" na determinação da psicopatologia. Pois bem, a interpretação dos sonhos desempenhou o papel fundamental de trazer à luz e imediatamente consolidar uma outra dimensão da investigação do que é propriamente o objeto da psicanálise:a faculdade humana de simbolização e de produção das formações dela decorrentes, presente tanto no sintoma neurótico quanto nas produções mais sublimes da humanidade.O próprio modelo da análise decorreu,em grande medida,da análise do sonho, visto que este veio a ser tomado como o paradigma da manifestação do inconsciente e do seu poder expressivo. Entretanto, com o passar dos anos -fato que foi devidamente registrado por diversos autores da psicanálise -a presença do sonho na psicanálise que se desenvolvia pós-Freud foi como que esmaecendo,dando lugar a outros fatores do fazer analítico que,então,foram se tornando proeminentes na prática clínica e na produção teórica psicanalíticas.Nas principais escolas pós-freudianas assistiu-se a uma verdadeira ultrapassagem do sonho por outras prioridades técnicas, tais como a interpretação constante da transferência na tradição kleiniana ou a atenção ao significante no sistema lacaniano. Há até mesmo quem tenha entrevisto aí o fim da Flávio Carvalho Ferraz❙❙ CRÍTICA 225 DO SONHO AO SONHAR
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