O Papel Das Políticas Públicas E O Desenvolvimento Regional No Brasil: Do Paradigma Mentalista Ao Linguístico

Abstract

O papel das políticas públicas no desenvolvimento regional é analisado neste artigo, tomando por base dois grandes paradigmas científicos: o da subjetividade, ou mentalista, e o da intersubjetividade, ou linguístico. Defende--se que as políticas públicas e o desenvolvimento regional brasileiro têm se dado historicamente com base no primeiro paradigma e, só bem recentemente, adotado o segundo em algum momento da implantação dessas políticas. As politicas públicas de cunho mentalista, a que chamamos aqui de instrumentais, são subdivididas em desenvolvimentistas e neoliberais, ao passo que as politicas públicas linguísticas são vistas como comunicativas, isto é, com base na ação orientada para o entendimento mútuo, livre de coação. Trata-se de um trabalho de cunho teórico-metodológico, baseado nas abordagens desenvolvidas pelo filósofo Jürgen Habermas. A inclusão da teoria da ação comunicativa às questões espaciais pode contribuir para pensar o desenvolvimento regional como um modo de subordinação da economia à sociedade. Palavras-chave: políticas públicas, desenvolvimento regional, paradigma mentalista, paradigma linguista, comunicação.

Espaço como mundo da vida e a teoria do agir comunicativo

“…Neste ambiente intelectual da ciência geográfica, seguimos outro rumo durante a nossa formação profissional no mestrado (Carneiro, 2006) e no doutorado (Carneiro, 2007(Carneiro, , 2009(Carneiro, , 2010(Carneiro, , 2011a(Carneiro, , 2011b, e ainda hoje no exercício docente na graduação e na pós-graduação (Carneiro, 2014(Carneiro, , 2015. Nestes estudos preferiu-se trabalhar com a teoria do filósofo Jurgen Habermas para a explicação e a compreensão da dimensão espacial da sociedade a partir da sua compreensão do mundo da vida compartilhado intersubjetivamente enquanto conceito complementar ao de ação comunicativa 1 .…”

“…As expectativas de solidariedade podem se transformar em pretensões jurídicas no Estado, os quais foram transformados em direitos civis, a exemplo das desigualdades sociais, do desemprego, dos jovens sem trabalho (Habermas, 2014) e das políticas públicas em sua dimensão linguística (Carneiro, 2010). Neste sentido, como salienta Heller (2000) a sociedade é um complexo determinado, apresentando classes, camadas, formas mentais e padrões determinadas.…”