ResumoO segmento das microcervejarias artesanais no Brasil vem crescendo exponencialmente, investindo em equipamentos modernos, matérias primas inovadoras e lançando novos produtos. Enquanto algumas empresas se saem muito bem, outras não demonstram o mesmo desempenho. O presente trabalho aí se situa, ao procurar verificar se o desempenho (financeiro e não financeiro) das empresas encontra-se associado à sua inovatividade, aqui entendida como o conjunto de iniciativas voltadas à inovação (de produtos, processos e mercado) e aos seus antecedentes dentro da empresa (foco no cliente, aprendizado e redes de relacionamento). Para isso, é elaborado um modelo teórico de análise, depois testado em quatro microcervejarias artesanais, localizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os resultados demonstram que existe uma interação dinâmica entre inovatividade e desempenho. Ou seja, à medida que a inovatividade influencia certos tipos de desempenho, o desempenho também mostra-se capaz de influenciar algumas dimensões da inovatividade. Palavras-chave: Inovação. Inovatividade. Desempenho. Microcervejaria artesanal.
IntroduçãoExistem atualmente no Brasil 889 cervejarias registradas (MAPA 2019). Os estados de Rio Grande do Sul e São Paulo lideram o ranking nacional, com 186 e 165 cervejarias, respectivamente. Minas Gerais, por sua vez, tornou-se grande destaque no setor, ultrapassando em 2018 Santa Catarina, e transformando-se no terceiro estado em número de cervejarias, 115 unidades. Cerca de 50% delas estão concentradas na Região Metropolitana de Belo Horizonte -RMBH (CERVBRASIL 2018), onde se encontram fabricantes como a Krug Bier, a Baker Artesanal, a Walls, dentre outras, que produzem cervejas reconhecidas dentro e fora do país, apesar de serem regionais. Convivem, ao lado deles, nano cervejarias e inúmeros cervejeiros caseiros (Ferreira, Vasconcelos, Judice & Neves 2011), muitos deles organizados geograficamente próximos. Essas empresas vêm resistindo, bravamente, aos impactos da recente crise econômica que afetou o país e, diferentemente de outros setores, que tiveram que reduzir produção e emprego, elas vêm ampliando atividades e diversificando mercados.As expectativas são muito positivas para o segmento como um todo. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CERVBRASIL 2018), o setor cervejeiro representa 1,6% do PIB nacional e gera 2,7 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos. O segmento artesanal representa apenas 1%, porém acredita-se em forte tendência de crescimento, principalmente pelo fato de os consumidores valorizarem cada vez mais as cervejas artesanais (MAPA 2019).Apesar do visível desenvolvimento do setor nos últimos anos, observa-se que o desempenho não é o mesmo em todas as microcervejarias. Enquanto algumas têm alcançado sucesso local, nacional e até mesmo internacional, inclusive ganhando prêmios importantes que promovem a marca e corroboram a qualidade de seus produtos, outras não conseguem a mesma performance (Vasconcelos 2017). A literatura sugere que o desempenh...