O objetivo deste artigo é analisar a relação entre metáfora e gestualidade na retórica neopentecostal, a fim de explorar o peso dessa relação como parte fundamental das estratégias de adesão às crenças centrais da Teologia da Prosperidade. Os dados são constituídos por metáforas multimodais associadas a essas crenças e extraídas de cultos religiosos ministrados pelos líderes das duas igrejas neopentecostais brasileiras mais influentes no campo religioso: a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Internacional da Graça de Deus. Do ponto de vista teórico, o artigo ancora-se junto aos estudos sociocognitivos do texto, campo fértil para um diálogo entre a Linguística Textual e a Linguística Cognitiva. Para descrição, classificação e quantificação dos dados, orientamo-nos pela tipologização dos gestos adotada por Miranda e Mendes (2014) e por Kendon (2004). A análise quantitativa indicou, entre outras coisas, predominância de metáforas conceptuais orientacionais, processo ilustrado na análise qualitativa de um excerto de cada um dos cultos. As metáforas multimodais, quando empregadas diante da emergência de conceitos ligados à Teologia da Prosperidade, cumprem importante função na construção referencial desses conceitos para o público-alvo dessa retórica. São, portanto, estratégias argumentativas de grande relevância à retórica neopentecostal, ao fornecerem elementos visuais às metáforas verbais mais elementares dessa teologia.