O professor que queremos

Abstract

Senhor Editor, As escolas médicas buscam incessantemente mecanismos de avaliação dos seus docentes 1 . O tema é polêmico e, muitas vezes, tanto os docentes como os discentes se sentem insatisfeitos com os resultados 2 .Os docentes dos cursos de Medicina, frequentemente, médicos de formação, nem sempre possuem competências profissionalizadas para a prática de ensino e, ao longo de sua carreira, não recebem uma orientação pedagógica adequada 3 .Além disso, o professor geralmente alia essa atividade à prá-tica clínica e à pesquisa científica, dedicando-se parcialmente ao ensino.Faltam estudos que busquem caracterizar a percepção dos docentes das escolas médicas quanto às suas aplicações práticas em sala de aula, ao seu preparo para o ensino e à importância que dá à carreira docente. Esse exercício de diálogo com os docentes poderia favorecer processos de autorreflexão crítica.Estudantes da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) imbuídos deste propósito -desencadear processo reflexivo sobre a atividade docente -desenvolveram um questionário baseado no seu imaginário do que seria um "professor que queremos" (Anexo 1A)Esse é um questionário semiestruturado que contém 2 perguntas abertas e 19 questões fechadas -sugerimos que seja utilizado o padrão de Escala Visual Analógica (EVA -Anexo 1B) para que os profissionais possam respondê-las de forma subjetiva, mas que possam ser quantificadas. Ainda mais, há em cada uma dessas 19 questões a oportunidade de o docente ampliar sua resposta quantitativa com perguntas em aberto.A EVA tem sido utilizada na aferição da intensidade da dor no exame clínico, sendo sua escala composta por números inteiros de 0 a 10, sendo 0 dor inexistente e 10, dor máxima 4 .O entrevistado marca um ponto na linha ou entre as extremidades, e o pesquisador mede a distância da extremidade inferior até o ponto respondido.A reta horizontal aplicada neste trabalho tem 10 cm de comprimento, com suas metades delimitadas, e varia entre duas opções, que serão usadas de acordo com a questão a qual pertencem: "nada/nunca", ou "muito/sempre" ou "0%/ 100%" (Anexo 1A). A análise das respostas fornecidas pelos entrevistados poderá ser feita por meio da mensuração, com uma régua, do quão próximo de "nada/nunca", "muito/sempre" e "0%/100%" o docente assinalou na reta e poderá ser submetida a procedimentos de estatística descritiva (médias e desvios padrões).As questões relacionadas à reta versam sobre o desempenho do professor em sala de aula, seu relacionamento profissional com os alunos e sua capacitação para a profissão docente.Com esta carta, senhor Editor, queremos fornecer subsidios para avaliações docentes autorreflexivas que levem em conta aspectos valorizados pelos discentes.Assim, esperamos que os resultados sejam menos controversos e sirvam para aprimorar os processos de ensino-aprendizagem nas escolas médicas.