As universidades e os espaços públicos de saúde são promotores de discussão e visibilidade das desigualdades de gênero, com a possibilidade de influenciar atitudes e comportamentos sexistas em jovens estudantes. O sexismo seria um traço da cultura patriarcal para garantir e fortalecer as diferenças de gênero, legitimado por atitudes de desvalorização relacionadas ao sexo feminino e apoiadas em instrumentos legais que as normatizam. Este artigo tem como objetivo, descrever as perspectivas e vivências sexistas de acadêmicos de enfermagem durante a graduação. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, descritiva, através da aplicação de um questionário contendo perguntas sobre a caracterização sociodemográfica dos acadêmicos e questões abertas que versam sobre sexismo. Investigou-se os acadêmicos, matriculados nos dois últimos períodos do curso de enfermagem de uma universidade pública no Rio de Janeiro. A análise dos dados das questões fechadas, foram tabuladas e analisadas através da técnica de estatística simples e as questões abertas do questionário foram analisadas fundamentadas na técnica de análise temática de conteúdo, segundo Bardin. Os resultados vão ao encontro de estudos que tratam sobre o perfil do profissional de enfermagem, com predominância feminina e com média de 25 anos de idade. Os conteúdos coletados, geraram unidades de significação que apontam para a vivência de situações sexistas durante o processo de graduação: vinculação do feminino à enfermagem e a influência dos papeis sociais de gênero na prática da profissão e seus desdobramentos. Ainda foi possível descrever as situações pelas quais os acadêmicos de enfermagem se sentiram discriminados. Essa investigação permitiu a compreensão das subjetividades dos jovens e possibilita subsidiar a criação de estratégias de intervenção educativa, considerando tanto suas vulnerabilidades à vivência de uma sociedade sexista, como o fato de serem jovens em processo de formação na área da saúde, mais especificamente da enfermagem.