A partir de uma releitura dos conceitos de acidente de Eric Landowski e de explosão de Jurij M. Lotman, este artigo analisa as correlações entre o tempo mediático e o tempo sociopolítico do processo que levou das jornadas de junho de 2013 ao impeachment de Dilma Rousseff. As hipóteses defendidas são: (i) junho de 2013 constitui um evento acidental/explosivo que projeta o Brasil em um presente atemporal amorfo e imprevisível, o qual se estende, ao menos, até o impedimento da ex-presidente; (ii) tal regime temporal define-se por um elevado grau de indeterminação semântica e por um elevado grau de carga estésica, isto é, de tensões e forças sensíveis que se alastram no corpo social; e (iii) as mídias sociais cumprem, nesse percurso, um papel catalítico: são elas que engendram a indeterminação e a carga estésica que dão corpo ao novo regime temporal. Almejase, assim, contribuir à construção de quadros teóricos capazes de dar conta da natureza semiótica do tempo no campo da Comunicação.