O trabalho como objeto médico-legal em São Paulo dos años 30

Abstract

A medicina legal praticada em São Paulo dos anos 30 estava impregnada de teses biodeterministas. Buscando harmonizar corpo e trabalho, os profissionais da área objetivavam racionalizar tanto o «tratamento» de delinqüentes, quanto a produtividade e disciplina fabris. Por isso, um dos eixos centrais de seu discurso era o tema do trabalho. O presente artigo analisa o conteúdo deste discurso.PALABRAS CLAVE: Medicina legal, criminología, trabajo, antropología criminal, Brasil. SUMMARYThe legal medicine practised in São Paulo in the years 1930 was deeply influenced by biodeterminism theses. In an attempt to harmonise body and work, professionals in the area aimed at rationalising the «therapeutic treatment» of delinquents, as well as the factory discipline and productivity. Thus one of the main points in their discourse was the theme related to work. The present article analyses the content of such a discourse.

Educação sanitária e saúde pública em Minas Gerais na primeira metade do século XX

“…A higiene infantil e a higidez futura das crianças eram argumentos eugênicos que prevaleceram durante o Estado Novo, contexto em que houve também uma significativa atenção à puericultura como instrumento de incorporação das massas ao Estado (Stepan, 2004, p.372-377). Da mesma forma, desde a década de 1930 a infortunística, como área médica crescentemente especializada, destinavase às questões da saúde do trabalhador, orientada para identificar as predisposições biológicas dos operários, bem como a adequação física e psíquica às condições de trabalho (Ferla, 2005). Nesse contexto, o Estado passava a se preocupar cada vez mais com a saúde física e adaptação psíquica do trabalhador (Gomes, 1982).…”

O homem através do Instituto Oscar Freire: história e memória da medicina legal paulista (1902-1944)

“…Autores como Mariza Corrêa (1998), Leopoldo Antunes (1995), Fernando Salla (1999), Luís Ferla (2005), dentre outros, partiram de designação teórica semelhante para reinterpretarem os processos históricos da medicina legal no Brasil e questionarem a verossimilhança das narrativas estabilizantes do campo. 3 Ainda que jamais tenham tomado o IOF como objeto de monografias ou estudos específicos, esses acadêmicos inquiriram o papel histórico da instituição como parte justaposta de seus respectivos objetos de análise, em pesquisas externas a estrutura institucional da medicina legal a partir de balizas historiográficas e sociológicas.…”

“…Alguns temas serão ruminados durante a narrativa, daí também a importância do texto de Antunes ser evocado para crítica. Nota-se que o autor não aborda em específico o "trabalho" e o "operário" nesses debates médicos sobre o social, temas que, para Luís Ferla (2005), contribuíram para formação de consensos dentre médicos da disciplina.…”