O trabalho na Atenção Primária em Saúde e a pandemia por Covid-19: um relato de experiência

Abstract

Introdução: A pandemia de Covid-19 tem transformado o trabalho na saúde e exigido novas formas de organização e de gestão do cuidado. Na Atenção Primária em Saúde muitos processos foram interrompidos visando dar conta das demandas que emergiram com a doença, afetando a produção do cuidado. Objetivo: Elucidar o processo de trabalho antes e durante a pandemia por Covid-19 em uma unidade de APS da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência sobre as experiências e vivências de uma enfermeira de uma unidade de Atenção Primária em Saúde do Município do Rio de Janeiro. Resultados: Foram identificadas formas distintas de configuração no campo a depender do momento vivenciado pelos profissionais, das demandas que eram absorvidas, da capacidade logística e das rotinas e fluxos estabelecidos pela gestão. Conclusão: Observou-se através do relato de experiência o quanto a pandemia tem fragilizado o acompanhamento positivo dos usuários da APS vinculados as diferentes linhas de cuidado, o que pode favorecer a curto, médio e longo prazo o recrudescimento de doenças outrora controladas e contribuir para aumento de quadros agudos.

Estratégia de Saúde da Família: atuação e desafios frente ao cenário de COVID-19

“…A pandemia evidenciou ainda mais a importância da APS e ESF e sua atuação na saúde, realçando a necessidade do primeiro contato com o usuário, integralidade do cuidado, enfoque familiar e comunitário, longitudinalidade do cuidado e ações de vigilância em saúde e de educação em saúde, assumindo papel de destaque na pandemia (5).…”

“…A realização de procedimentos, curativos e exames por vezes são prejudicadas pela falta de material, de manutenção e ausência de infraestrutura adequada. Entretanto, diante de tal cenário, os profissionais mostraram-se eficientes, com adoção de práticas adaptadas à realidade do serviço, que garantiram a melhor assistência possível diante das limitações (5). Ademais, a escassez de trabalhos científicos com a temática COVID-19 e atuação da APS frente à pandemia apresentaram-se como barreiras (3,15), sendo primordial que pesquisadores, gestores e profissionais procurem sempre conhecer as novas publicações e atualizações sobre a temática a fim de subsidiarem suas decisões.…”

“…Devido ao cenário de pandemia, o atendimento e acompanhamento de usuários do serviço de saúde de diversas áreas ficou prejudicado, diante das urgências e emergências, o que pode agravar os quadros de saúde da população e reativar doenças até então controladas, impactando, de forma significativa, o sistema de saúde a médio e longo prazo (5).…”

“…Diante das mudanças ocorridas na sociedade, como as recomendações para o isolamento social; restrições de funcionamento de comércios locais; e alterações nas atividades de ensino das escolas e no funcionamento dos sistemas de saúde, foi preciso reorganizar o modo de fazer saúde, promovendo modificações na rotina de atendimentos da APS. Além da necessidade de atendimento aos casos de COVID-19, as ações de prevenção e promoção de saúde necessitaram de maior visibilidade e, consequentemente, maior impacto na população, a fim de auxiliar no combate à doença, bem como adaptações nos protocolos sanitários de atendimento ao público e na rotina do serviço de saúde (1,5). Com a ascensão dos casos de coronavírus em escalas assustadoras, medos e preocupações surgiram, principalmente na APS, na qual grandes mudanças foram necessárias.…”

“…Porém, nem todas as recomendações foram seguidas de maneira adequada, fato que contribuiu para o aumento no número de casos, impactando os serviços de saúde. A APS então sofreu uma reestruturação em sua rotina, priorizando a vigilância em saúde, os https://doi.org/10.17566/ciads.v11i4.872 atendimentos de urgência Posteriormente, em janeiro de 2021, uma nova reorganização foi necessária, a fim de definir o fluxo de vacinação(5). A chegada das vacinas nos serviços de saúde foi mais um fator gerador de sobrecarga para o serviço e os trabalhadores.…”