Etnoherpetologia visa compreender o conhecimento popular associado a anfíbios e répteis. A relação dos humanos com o meio é construída desde a infância, quando se inicia o processo de interação com o mundo. Este conhecimento intrínseco reforçado pelo senso comum é construído ao longo do tempo e pode perpetuar explicações simplistas ou errôneas de processos biológicos que não são compreendidos sem conhecimento científico. Com isso, o presente estudo investigou os saberes populares de alunos de uma escola rural e uma urbana acerca das serpentes. A pesquisa foi conduzida durante o segundo semestre de 2019 entre alunos do 6º ano, pois ainda não estudaram zoologia no ambiente escolar. Foram investigados 52 alunos de escolas do estado do Espírito Santo, sendo 27 de uma escola rural de Santa Teresa e 25 de escola urbana de Cariacica. Constatou-se que todos os alunos compreendem que a principal prática de primeiros socorros em acidentes ofídicos é conduzir a vítima ao hospital. Porém, foram preocupantes as menções de métodos perigosos e caseiros. Foi verificado um grande percentual de alunos cujas experiências de encontro com as serpentes envolveram matança do animal, principalmente na zona rural, onde os encontros foram mais comuns. Apenas alunos que nunca tiveram contato com serpentes não cogitaram a matança como atitude primária a ser tomada. Atividades educativas são importantes iniciativas para minimizar as ameaças sofridas pelas serpentes, visto que ainda despertam sentimentos de medo e repulsa, tornando-as mais suscetíveis a injúrias antrópicas, mesmo quando não conferem qualquer ameaça.