Anemia pós-cirurgia bariátrica: as causas nem sempre são relacionadas à cirurgia. ABCD Arq Bras Cir Dig. 2008;21(2):95-7 RESUMO -Racional -As anemias ferropriva, perniciosa e megaloblástica são comuns após procedimentos bariátricos como o bypass e as derivações biliopancreáticas. As principais causas devem-se ao desvio duodenal e do jejuno proximal do trânsito alimentar e, em menor grau, às úlceras anastomóticas. Entretanto a dieta pobre em nutrientes, a suplementação vitamínica inadequada, medicamentos, uso de álcool e neoplasias devem ser lembrados. Relato dos casos -Os autores relatam dois casos de pacientes pós-procedimentos bariátricos com anemia severa sem controle clínico e cuja investigação identificou melanoma metastático em um caso e neoplasia colônica no segundo, ambos tratados cirurgicamente com bons resultados. Conclusão -Anemias são comuns após procedimentos bariátricos, porém causas atípicas como neoplasias devem ser suspeitadas nos pacientes mais idosos e principalmente naqueles refratários ao controle clínico. DESCRITORES -Anemia. Cirurgia bariátrica. Neoplasias. Deficiência de ferro.
ABCD Arq Bras Cir DigRelato de Caso
InTRODUçãOA anemia ferropriva é afecção comum após operações para obesidade mórbida como o bypass gástrico em Y de Roux e as derivações biliopancreáticas. Isso se deve ao desvio do duodeno. A segunda causa mais comum são as úlceras pépticas justa-anastomóticas. Outras causas são o uso de anti-inflamatórios, de álcool, infecção por H. Pylori, diarréia crônica, dieta carente, suplementação inadequada e neoplasias. Os autores relatam dois casos de anemia crônica severa por melanoma em intestino delgado e outro por adenocarcinoma colônico em pacientes pós-gastroplastia redutora.
RELATOS DOS CASOSCaso 1: Paciente feminina, 45 anos, submetida a procedimento de Capella convencional seis anos antes devido à obesidade mórbida (IMC=38,7Kg/m 2 ) associado à diabetes tipo II, dislipidemia e hipertensão arterial. Iniciou com quadro de emagrecimento, anemia severa com múltiplas transfusões sanguíneas. Realizou colonoscopia e endoscopia digestiva alta sem anormalidades. Em enteroscopia foram visualizadas duas lesões úlcero-infiltrativas. Submetida à laparotomia exploradora foi constatada a presença das duas lesões na alça alimentar, uma na biliopancreática e um linfonodo volumoso de mesentério (Figuras 1). Foram realizadas enterectomias e retirada do linfonodo (Figura 2). Exame anátomo-patológico foi conclusivo para neoplasia maligna pleomórfica epitelióide nas quatro peças e exame imunohistoquímico confirmou melanoma. Na evolução, tomografia de crânio foi sem alterações e de tórax apresentou nódulo em face posterior de lobo inferior direito medindo 23 X 13 mm. Tomografia de abdômen mostrou alterações compatíveis com status pós-cirúrgico e pet-scan evidenciou lesões hipermetabólicas que correspondiam a linfonodo periaórtico e nódulo pulmonar não calcificado no lobo inferior direito. Paciente foi re-operada para ressecção do lobo inferior pulmonar direito, de linfonodo de mesentério jejunal, de...