O processo de globalização, desde final do século XX acarreta uma nova lógica industrial, orientando o setor agrícola do Pampa com a presença de empresas agroindustriais transnacionais, modificando as estruturas econômicas, sociais e culturais, locais e regionais aumentando as áreas de reconversão para lavouras, sejam de: soja, milho, arroz e árvores exóticas. Neste contexto a pesquisa tem como objetivo descrever a importância da pecuária familiar em um processo de preservação e manutenção das áreas de campo nativo, considerando as transformações históricas sociais, as interações e a dinâmica agrária. Metodologicamente utilizam-se instrumentos como a pesquisa documental, bibliográfica, observação direta e entrevistas semiestruturadas com os informantes qualificados em áreas protegidas e no entorno da APA do Ibirapuitã/BR e no Valle del Lunarejo/UY utilizando-se do método dialético e a abordagem qualitativa para análise dos dados. Este estudo pondera sobre a importância da pecuária familiar para a preservação e conservação do Pampa, bem como a manutenção dos serviços ecossistêmicos, de provisão, de regulação, culturais e de suporte ao desenvolvimento rural. Como resultado aponta-se a adoção de novas estratégias de reprodução social, tal como a multifuncionalidade que se direciona para o incremento na geração de produtos coloniais e o turismo rural, que são as estratégias mais adotadas, atualmente. As pastagens nativas remanescentes estão vinculadas à pecuária familiar e cabe ao sujeito social que a desenvolve, a decisão de preservar o campo nativo; para tanto, são necessárias políticas públicas de reconhecimento e valorização deste campo, desta prática agrícola e do ecossistema do Pampa.