Há diferentes formas de identificação dos sistemas frontais como, por exemplo, algoritmos que utilizam dados de reanálise para identificação objetiva desses sistemas. Porém, devido à complexidade dos sistemas frontais, a identificação objetiva pode levar a muitos erros nos resultados, sendo a análise sinótica tradicional (manual) de cartas meteorológicas o método ainda mais confiável para a identificação das frentes. Com isso, os objetivos do presente estudo são (a) identificar o número de passagens de frentes frias pelo sul do Rio Grande do Sul (SRS) e sul de Minas Gerais (SMG), entre 2009 e 2021, com base em cartas sinóticas, (b) determinar a porcentagem de sistemas que passam pelo SRS e chegam ao sul SMG, (c) calcular a contribuição das frentes frias para o total sazonal de precipitação e (d) realizar uma avaliação de como a temperatura da superfície do mar (TSM) interfere no deslocamento das frentes frias entre o SRS e SMG. As frentes frias foram identificadas nas cartas sinóticas disponibilizadas pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE). Por estação do ano, considerando o verão, outono, inverno e primavera, o número médio de frentes frias registradas no SRS é de 10, 12, 13 e 14 e no SMG é de 1, 4, 7 e 5 sistemas, respectivamente. Cerca de 30% das frentes frias que passam pelo SRS também chegam ao SMG e o tempo e a velocidade média anual de deslocamento das frentes é de dois dias e 6,8 m/s, respectivamente. As frentes frias têm maior contribuição no total sazonal de precipitação no inverno tanto no SRS quanto em SMG. Com relação à TSM, foi analisado o número de frentes frias que se deslocaram do SRS para o SMG em situação de TSM maior e menor do que um desvio-padrão e meio (1,5𝜎) em relação à climatologia. Em situação de anomalia negativa (positiva) de TSM, 70% (30%) das frentes frias conseguem chegar no SMG.