“…enigmática em suas lembranças e fantasias numa forma dúbia, como uma defesa intrusiva que simultaneamente encobre e faz alusão à hipótese da morte do amigo. É como se as suas extremidades inferiores ( centrais para as técnicas de tortura e governo) estivessem sempre nosA fresta no olho mágicoA questão dos desaparecidos (políticos ou não) é tão forte na obra de Chico Buarque que chegou a ser defendida como princípio formal de alguns de seus romances por Juliane VargasWelter (2017), no artigo "Onde andarão Castana, Matilde, Sergio, Domingos, Ariosto...? ", entre os quais todavia não inclui Estorvo (nem cita o caso do amigo), romance cuja linguagem cifrada pode ser pensada como um modo de discutir o destino histórico da canção popular-comercial que se contrapôs ao governo militar entre 1960 e 1970, como buscaremos mostrar nesta seção.…”