Órfãos do feminicídio: vítimas indiretas da violência contra a mulher

Abstract

<jats:p>O Brasil é um dos países com maior índice de homicídios de mulheres, a quinta maior taxa de feminicídios do mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. Essa realidade vem produzindo milhares de órfãos, vítimas indiretas e invisíveis da violência doméstica. O objetivo do presente trabalho é lançar luzes sobre a situação dessas crianças e adolescentes que quase não aparecem nas pesquisas sobre o tema, mas que representam um grave problema social, que precisa ser enfrentado com políticas públicas que minimizem os efeitos do trauma e impeçam a transmissão da violência doméstica entre as gerações.</jats:p>

Factors associated with homicides of women in Brazil, by race or colour, 2016-2020

“…A violent, premature death, especially of a women, has considerable social impact, not only by interrupting the woman's life, in most cases at an economically active and biologically reproductive stage, but also by interrupting the natural cycle of motherhood, thereby decreeing that children and adolescents will be left motherless 28 . In that regard, a woman's death at this stage of life can lead to numerous social, economic and psychological problems.…”

Fatores associados ao homicídio de mulheres no Brasil, segundo raça/cor, 2016-2020

“…A morte violenta e prematura, especialmente de mulheres, apresenta um impacto social importante, não somente por interromper a vida de uma mulher, na maioria dos casos numa fase economicamente ativa e biologicamente reprodutiva, mas também por interromper o ciclo natural da maternidade e por conseguinte determinar orfandade de mãe de crianças e adolescentes 28 . Neste sentido, a morte de uma mulher nessa fase da vida, pode levar a diversos problemas de ordem social, econômica e psicológica.…”

Violência e feminicídio: representações sociais de familiares de vítimas de feminicídio

“…Em algumas situações, as violências são perpetradas na presença de familiares, provocando uma série de traumas psicológicos. Além disso, o amparo econômico que os genitores proviam aos seus filhos é comprometido, logo, enfrentarão dificuldades financeiras somadas aos problemas emocionais e comportamentais que podem ser associados à perpetração da violência ou sofrimento com atos violentos em outras fases da vida (JUNG;CAMPOS, 2019;NAUJORKS, 2019;ONU, 2016;OPAS, 2017).…”

“…Além de ser um ato de covardia, os familiares reafirmam as relações desiguais de poder e dominação dos homens sobre as mulheres (BOLZAN; PIBER, 2019).Nota-se, assim, a escassez de pesquisas que explorem esses fenômenos (violência e feminicídio) à luz das representações sociais, com a família como protagonista, necessitando de novas investigações em diferentes localidades. Portanto, usar este referencial teórico no presente estudo permitirá que os pesquisadores interpretem aspectos da realidade para compreendê-los, uma vez que as representações tomam o lugar do objeto social e transformase em realidade para os atores sociais(JUNG;CAMPOS, 2019;MOSCOVICI, 2015).…”