Orientação Sexual Na Identidade De Gênero a Partir Da Crítica Da Heterossexualidade E Cisgeneridade Como Normas

Abstract

RESUMO:Este artigo propõe discutir as formas de como as sexualidades das pessoas trans, transexuais e travestis, assim como dos seus eventuais parceiros cisgêneros, são socialmente interpretadas. Para tanto, iremos partir de um referencial teórico sobre os estudos de gênero e sexualidade e dialogar com relatos e análises de pessoas trans. Observamos como identidade de gênero e orientação sexual, mesmo pertencentes a esferas distintas de constituição de subjetividade, se interseccionam. Pretendemos compreender como estes processos de subjetivação se dão a partir não apenas de uma crítica à heterossexualidade compulsória, mas também à cisgeneridade compulsória. Há, portanto, um ponto em que a crítica à normatividade da orientação sexual toca a crítica à normatividade da identidade de gênero e vice-versa. Palavras Chave: Identidade de gênero; Orientação sexual; Estudos de gê-nero.ABSTRACT: This article proposes to discuss the ways that sexualities of trans people, transsexuals and travestis, as well of their possible cisgender partners, are socially interpreted. To do so, we will use a theoretical framework on gender and sexuality studies and dialogue with narratives and analyzes of trans people. We observe how gender identity and sexual orientation, even both belonging on different spheres of constitution of subjectivity, intersect. We intend to understand how these subjectivation processes are based not only on a critique of compulsory heterosexuality but also on compulsory cisness. There is, therefore, a point where the critique of the normativity of sexual orientation touches the critique of the normativity of gender identity and vice versa.

Infância e Transfobia na família:

“…Na infância as relações se estabelecem e são percebidas a partir do binarismo (masculino e feminino, homem e mulher), o qual é apresentado como a concepção de que todas as pessoas em seus comportamentos devem se inserir. Essa forma binária de propor a organização social, está fundada no conceito de cissexismo, que, segundo Bagagli (2017), seria a crença de que os gêneros, assim como as vivências das pessoas transgêneras seriam menos verdadeiras e legítimas do que os as pessoas cisgêneras, pois estas estariam em desacordo com a norma esperada socialmente. Podemos dizer, a partir da bibliografia, que o "gênero, portanto, é o resultado de tecnologias sofisticadas que produzem corpossexuais.…”

Sexualidade E Carnaval

“…De maneira paralela, a orientação sexual de um sujeito denota a forma pela qual ele estabelece ligações afetivas e sexuais com outros indivíduos (Ramos, 2020). Mergulhar neste universo é um meio de decodificar e de compreender as relações complexas entre diversas formas de interação humana, bem como as representações de papéis de gênero como construções socioculturais, as quais, passíveis de transformações, são reformuladas, ressignificadas à medida que o social vivencia mudanças (Bagagli, 2017).…”

O cuidado como exercício de direito à saúde e à vida de mulheres migrantes usuárias do SUS

“…A modo de exemplo, veto a livre a circulação da população indígena pelos territórios de fronteira: 6 A inflexão "cis" é utilizada para indicar uma pessoa cis ou cisgênera, como alguém que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer. E a inflexão "trans" utilizada para indicar uma pessoa trans ou transgênero como aquela que não se identifica com o gênero atribuído no nascimento (VERGUEIRO, 2016;BAGAGLI, 2017). Assim, como afirma Sandra Azeredo (2010), teorizar o gênero tem sido uma tarefa complexa, constante e necessária para ampliar e ressignificar dita categoria no caminho também de criar novas linguagens, novas formas de inteligibilidade e inclusão da diversidade.…”